Não me levem a mal, mas final de ano é uma m3%#@! Você já está de saco cheio do ano que não acaba nunca, louco para virar mais uma página que parece que você já leu trocentas vezes, e ainda tem que aguentar trânsito, shopping lotado, contas, e todas aquelas musiquinhas natalinas que só não são mais chatas que as já batidas marchinhas de carnaval.
Pois é... Não tenho um "espírito natalino" muito aguçado. E acho que outros separados também não devem ser especialmente fãs de festas de fim de ano. Afinal, é nessa época "fraterna" que voltamos a pensar na família e nas pessoas queridas. E que combinação pior para um separado do que pensar na família que iniciou e perdeu e na pessoa que lhe era querida e agora é só uma lembrança?
Sem ofensas aos pais, irmãos, sobrinhos, avós e tios, mas quando alguém começa sua própria família (mesmo que só de dois), o Natal é um verdadeiro soco de fracasso na cara. Você se prepara para ir pra ceia ou festa de Natal, vê as pessoas da família felizes por se reencontrarem, os cumprimentos, os presentes, as fofocas... e tudo te remete aos Natais passados. E por mais que você acha que virou aquela página, fica um baita rodapé te lembrando de ir lá pra trás e ler ela toda de novo.
Os sortudos que têm a tradição de sempre passar o Natal no mesmo lugar, com as mesmas pessoas da família ainda têm um pouco mais de sorte. Os que como eu sempre passaram o Natal em um lugar diferente ainda ficam sem referência e voltam à lembrança do único ponto em comum de todos os Natais passados. É como se você fosse o Scrooge atormentado somente pelo espírito dos Natais passados.
Por essas e outras, o único velhinho de roupa vermelha que eu pretendo ver nesse Natal só tem 8 anos e se chama Johnny.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
sábado, 10 de novembro de 2007
O 8 e o 80
Embora às vezes não sejamos capazes de perceber, a vida vem em fases. Essa divisão pode ser marcada por eventos bem claros, ou por suaves mudanças na nossa maneira de pensar ou de reagir a eventos não tão claros.
Não importa em que fase você esteja, você sempre quer alguma coisa. Às vezes nem sabe bem o que é, mas o impulso da busca é latente. E o mais curioso é é justamente nestas fases em que você não sabe qual é o seu real desejo, a vida te apresenta alguns extremos.
Para um separado, é muito comum que uma dessas fases de indecisão (e que fase!) se apresente justamente após o pé na bunda. É um momento de paradoxo, por que por um lado, você não quer perder aquela vida em casal, por outro, você está puto com tudo e com todos e quer se esbaldar na vida boêmia.
Daí a vida, essa sim uma caixinha de surpresas, coloca alguns extremos no seu caminho. Você encontra alguém perfeita para te acompanhar nas baladas, curtir e se divertir. E você encontra outro alguém perfeita para se apaixonar de novo e voltar pra vida de casal. E o que acontece? Você se esbalda com a perfeita para a balada até que mesmo se divertindo, você se sente deslocado, cansado e entediado. A perfeita para se apaixonar não te dá a menor bola e você, apavorado com a possibilidade de se apaixonar de novo, respira aliviado que não precisou seguir esse caminho.
E esse desalinho não acontece por causa delas, mas sim porque na verdade você não sabe o que quer. Esses extremos são exatamente o que a vida de apresenta para encontrar um ponto de equilíbrio em você mesmo. E a resposta chega à galope: você quer ser você mesmo independente de com quem você esteja.
É uma ficha que custa a cair, mas quando cai, você consegue exatamente o que quer. E consegue rápido, quando menos espera.
Não importa em que fase você esteja, você sempre quer alguma coisa. Às vezes nem sabe bem o que é, mas o impulso da busca é latente. E o mais curioso é é justamente nestas fases em que você não sabe qual é o seu real desejo, a vida te apresenta alguns extremos.
Para um separado, é muito comum que uma dessas fases de indecisão (e que fase!) se apresente justamente após o pé na bunda. É um momento de paradoxo, por que por um lado, você não quer perder aquela vida em casal, por outro, você está puto com tudo e com todos e quer se esbaldar na vida boêmia.
Daí a vida, essa sim uma caixinha de surpresas, coloca alguns extremos no seu caminho. Você encontra alguém perfeita para te acompanhar nas baladas, curtir e se divertir. E você encontra outro alguém perfeita para se apaixonar de novo e voltar pra vida de casal. E o que acontece? Você se esbalda com a perfeita para a balada até que mesmo se divertindo, você se sente deslocado, cansado e entediado. A perfeita para se apaixonar não te dá a menor bola e você, apavorado com a possibilidade de se apaixonar de novo, respira aliviado que não precisou seguir esse caminho.
E esse desalinho não acontece por causa delas, mas sim porque na verdade você não sabe o que quer. Esses extremos são exatamente o que a vida de apresenta para encontrar um ponto de equilíbrio em você mesmo. E a resposta chega à galope: você quer ser você mesmo independente de com quem você esteja.
É uma ficha que custa a cair, mas quando cai, você consegue exatamente o que quer. E consegue rápido, quando menos espera.
sábado, 29 de setembro de 2007
O pote de feijão
Sempre que um bom amigo está para casar, é papel do amigo separado assumir o papel de "Sábio da Montanha" e tentar passar um pouco da sua própria experiência.
A primeira hora de "sabedoria" realmente tem umas dicas importantes. Mas à medida que as doses vão descendo, a discussão começa a ficar realmente mais interessante.
Durante uma dessas discussões alcóolicamente inspiradas, começamos a enumerar as vantagens e desvantagens da vida de casado. Obviamente não levou mais do que 10 minutos para que um dos mais eloquentes, e recém casado por sinal, bradasse aos ventos: "Casado tem transa garantida!"
Mas será que tem mesmo?
Foi proposto na mesa o seguinte experimento para ele e para o em breve recém casado:
- Arranje um pote e o coloque em um lugar seguro, longe de acidentes, e que não esteja visível. Não precisa ser muito grande, nem transparente.
- Sempre que rolar uma transa, desde as mais elaboradas até as extremamente rápidas, coloque um grão de feijão no pote.
- Repita o procedimento nos primeiros 2 anos de casamento.
- Ao se completarem os dois anos, inverta o procedimento. Sempre que rolar uma transa, desde as em datas comemorativas até as monótonas de sábado, tire um grão de feijão do pote.
A conclusão esperada... você vai ter feijão pro resto da vida!
Curiosamente, os separados e casados de longa data começaram a rir compulsivamente enquanto os futuros e recém casados rapidamente mudaram de assunto.
A primeira hora de "sabedoria" realmente tem umas dicas importantes. Mas à medida que as doses vão descendo, a discussão começa a ficar realmente mais interessante.
Durante uma dessas discussões alcóolicamente inspiradas, começamos a enumerar as vantagens e desvantagens da vida de casado. Obviamente não levou mais do que 10 minutos para que um dos mais eloquentes, e recém casado por sinal, bradasse aos ventos: "Casado tem transa garantida!"
Mas será que tem mesmo?
Foi proposto na mesa o seguinte experimento para ele e para o em breve recém casado:
- Arranje um pote e o coloque em um lugar seguro, longe de acidentes, e que não esteja visível. Não precisa ser muito grande, nem transparente.
- Sempre que rolar uma transa, desde as mais elaboradas até as extremamente rápidas, coloque um grão de feijão no pote.
- Repita o procedimento nos primeiros 2 anos de casamento.
- Ao se completarem os dois anos, inverta o procedimento. Sempre que rolar uma transa, desde as em datas comemorativas até as monótonas de sábado, tire um grão de feijão do pote.
A conclusão esperada... você vai ter feijão pro resto da vida!
Curiosamente, os separados e casados de longa data começaram a rir compulsivamente enquanto os futuros e recém casados rapidamente mudaram de assunto.
sábado, 15 de setembro de 2007
A Mulher Madura
A Mulher Madura
Affonso Romano de Sant'Anna
O rosto da mulher madura entrou na moldura de meus olhos.
De repente, a surpreendo num banco olhando de soslaio, aguardando sua vez no balcão. Outras vezes ela passa por mim na rua entre os camelôs. Vezes outras a entrevejo no espelho de uma joalheria. A mulher madura, com seu rosto denso esculpido como o de uma atriz grega, tem qualquer coisa de Melina Mercouri ou de Anouke Aimé.
Há uma serenidade nos seus gestos, longe dos desperdícios da adolescência, quando se esbanjam pernas, braços e bocas ruidosamente. A adolescente não sabe ainda os limites de seu corpo e vai florescendo estabanada. É como um nadador principiante, faz muito barulho, joga muita água para os lados. Enfim, desborda.
A mulher madura nada no tempo e flui com a serenidade de um peixe. O silêncio em torno de seus gestos tem algo do repouso da garça sobre o lago. Seu olhar sobre os objetos não é de gula ou de concupiscência. Seus olhos não violam as coisas, mas as envolvem ternamente. Sabem a distância entre seu corpo e o mundo.
A mulher madura é assim: tem algo de orquídea que brota exclusiva de um tronco, inteira. Não é um canteiro de margaridas jovens tagarelando nas manhãs.
A adolescente, com o brilho de seus cabelos, com essa irradiação que vem dos dentes e dos olhos, nos extasia. Mas a mulher madura tem um som de adágio em suas formas. E até no gozo ela soa com a profundidade de um violoncelo e a sutileza de um oboé sobre a campina do leito.
A boca da mulher madura tem uma indizível sabedoria. Ela chorou na madrugada e abriu-se em opaco espanto. Ela conheceu a traição e ela mesma saiu sozinha para se deixar invadir pela dimensão de outros corpos. Por isto as suas mãos são líricas no drama e repõem no seu corpo um aprendizado da macia paina de setembro e abril.
O corpo da mulher madura é um corpo que já tem história. Inscrições se fizeram em sua superfície. Seu corpo não é como na adolescência uma pura e agreste possibilidade. Ela conhece seus mecanismos, apalpa suas mensagens, decodifica as ameaças numa intimidade respeitosa.
Sei que falo de uma certa mulher madura localizada numa classe social, e os mais politizados têm que ter condescendência e me entender. A maturidade também vem à mulher pobre, mas vem com tal violência que o verde se perverte e sobre os casebres e corpos tudo se reveste de uma marrom tristeza.
Na verdade, talvez a mulher madura não se saiba assim inteira ante seu olho interior. Talvez a sua aura se inscreva melhor no olho exterior, que a maturidade é também algo que o outro nos confere, complementarmente. Maturidade é essa coisa dupla: um jogo de espelhos revelador.
Cada idade tem seu esplendor. É um equívoco pensá-lo apenas como um relâmpago de juventude, um brilho de raquetes e pernas sobre as praias do tempo. Cada idade tem seu brilho e é preciso que cada um descubra o fulgor do próprio corpo.
A mulher madura está pronta para algo definitivo.
Merece, por exemplo, sentar-se naquela praça de Siena à tarde acompanhando com o complacente olhar o vôo das andorinhas e as crianças a brincar. A mulher madura tem esse ar de que, enfim, está pronta para ir à Grécia. Descolou-se da superfície das coisas. Merece profundidades. Por isto, pode-se dizer que a mulher madura não ostenta jóias. As jóias brotaram de seu tronco, incorporaram-se naturalmente ao seu rosto, como se fossem prendas do tempo.
A mulher madura é um ser luminoso é repousante às quatro horas da tarde, quando as sereias se banham e saem discretamente perfumadas com seus filhos pelos parques do dia. Pena que seu marido não note, perdido que está nos escritórios e mesquinhas ações nos múltiplos mercados dos gestos. Ele não sabe, mas deveria voltar para casa tão maduro quanto Yves Montand e Paul Newman, quando nos seus filmes.
Sobretudo, o primeiro namorado ou o primeiro marido não sabem o que perderam em não esperá-la madurar. Ali está uma mulher madura, mais que nunca pronta para quem a souber amar.
(15.9.85)
Affonso Romano de Sant'Anna
O rosto da mulher madura entrou na moldura de meus olhos.
De repente, a surpreendo num banco olhando de soslaio, aguardando sua vez no balcão. Outras vezes ela passa por mim na rua entre os camelôs. Vezes outras a entrevejo no espelho de uma joalheria. A mulher madura, com seu rosto denso esculpido como o de uma atriz grega, tem qualquer coisa de Melina Mercouri ou de Anouke Aimé.
Há uma serenidade nos seus gestos, longe dos desperdícios da adolescência, quando se esbanjam pernas, braços e bocas ruidosamente. A adolescente não sabe ainda os limites de seu corpo e vai florescendo estabanada. É como um nadador principiante, faz muito barulho, joga muita água para os lados. Enfim, desborda.
A mulher madura nada no tempo e flui com a serenidade de um peixe. O silêncio em torno de seus gestos tem algo do repouso da garça sobre o lago. Seu olhar sobre os objetos não é de gula ou de concupiscência. Seus olhos não violam as coisas, mas as envolvem ternamente. Sabem a distância entre seu corpo e o mundo.
A mulher madura é assim: tem algo de orquídea que brota exclusiva de um tronco, inteira. Não é um canteiro de margaridas jovens tagarelando nas manhãs.
A adolescente, com o brilho de seus cabelos, com essa irradiação que vem dos dentes e dos olhos, nos extasia. Mas a mulher madura tem um som de adágio em suas formas. E até no gozo ela soa com a profundidade de um violoncelo e a sutileza de um oboé sobre a campina do leito.
A boca da mulher madura tem uma indizível sabedoria. Ela chorou na madrugada e abriu-se em opaco espanto. Ela conheceu a traição e ela mesma saiu sozinha para se deixar invadir pela dimensão de outros corpos. Por isto as suas mãos são líricas no drama e repõem no seu corpo um aprendizado da macia paina de setembro e abril.
O corpo da mulher madura é um corpo que já tem história. Inscrições se fizeram em sua superfície. Seu corpo não é como na adolescência uma pura e agreste possibilidade. Ela conhece seus mecanismos, apalpa suas mensagens, decodifica as ameaças numa intimidade respeitosa.
Sei que falo de uma certa mulher madura localizada numa classe social, e os mais politizados têm que ter condescendência e me entender. A maturidade também vem à mulher pobre, mas vem com tal violência que o verde se perverte e sobre os casebres e corpos tudo se reveste de uma marrom tristeza.
Na verdade, talvez a mulher madura não se saiba assim inteira ante seu olho interior. Talvez a sua aura se inscreva melhor no olho exterior, que a maturidade é também algo que o outro nos confere, complementarmente. Maturidade é essa coisa dupla: um jogo de espelhos revelador.
Cada idade tem seu esplendor. É um equívoco pensá-lo apenas como um relâmpago de juventude, um brilho de raquetes e pernas sobre as praias do tempo. Cada idade tem seu brilho e é preciso que cada um descubra o fulgor do próprio corpo.
A mulher madura está pronta para algo definitivo.
Merece, por exemplo, sentar-se naquela praça de Siena à tarde acompanhando com o complacente olhar o vôo das andorinhas e as crianças a brincar. A mulher madura tem esse ar de que, enfim, está pronta para ir à Grécia. Descolou-se da superfície das coisas. Merece profundidades. Por isto, pode-se dizer que a mulher madura não ostenta jóias. As jóias brotaram de seu tronco, incorporaram-se naturalmente ao seu rosto, como se fossem prendas do tempo.
A mulher madura é um ser luminoso é repousante às quatro horas da tarde, quando as sereias se banham e saem discretamente perfumadas com seus filhos pelos parques do dia. Pena que seu marido não note, perdido que está nos escritórios e mesquinhas ações nos múltiplos mercados dos gestos. Ele não sabe, mas deveria voltar para casa tão maduro quanto Yves Montand e Paul Newman, quando nos seus filmes.
Sobretudo, o primeiro namorado ou o primeiro marido não sabem o que perderam em não esperá-la madurar. Ali está uma mulher madura, mais que nunca pronta para quem a souber amar.
(15.9.85)
sexta-feira, 7 de setembro de 2007
O Problema da Quarentena
Já estava desistindo de assumir meu status de separado em francas conversas de mesa de bar. Afinal, era só dizer a palavrinha que a resposta sempre era curiosidade e estranheza das novas conhecidas. Mas graças à fiel curiosidade feminina, percebi que a razão não era o estado civil propriamente dito. E sim mais uma das várias ironias estatísticas que rodeiam a vida de um separado.
De todas as perguntas que já me foram feitas sobre a separação nessas exatas ocasiões alcóolicas, existem três perguntinhas que, em suas várias variações, sempre buscam as mesmas informações:
1 - Qual dos dois levou o pé na bunda?
2 - Há quanto tempo você está separado?
3 - Vocês tentaram voltar alguma vez?
Até pouco tempo atrás, eu achava que tratava-se de mero instinto novelístico. Essa necessidade de conhecer os detalhes de uma história de amor, romance, perda e tragédia, sem ter que esperar o folhetim do fim de semana.
Foi numa peça de teatro que a ficha caiu. A personagem, uma solteira louca pra casar, deu a dica: "recém separado é uma fria... o trauma da separação dura de 2 a 6 anos".
Foi só uma peça de teatro, mas me lembrou de uma estatística mais oficial. O período considerado "psicologicamente" saudável para um separado aceitar a perda e voltar a se envolver com outra pessoa varia de 1 a 2 anos.
Conclusão? Assumir sua condição de separado pode ser um bom início de conversa. Mas jamais -- e insisto no jamais -- confesse que foi você quem levou um pé na bunda... Conte uma história mais romântica. Que a vida não quis que vocês ficassem juntos, que a chama apagou e cada um foi para o seu lado. Que o destino os colocou em caminhos separados. E principalmente, que você já saiu do período de quarentena.
De todas as perguntas que já me foram feitas sobre a separação nessas exatas ocasiões alcóolicas, existem três perguntinhas que, em suas várias variações, sempre buscam as mesmas informações:
1 - Qual dos dois levou o pé na bunda?
2 - Há quanto tempo você está separado?
3 - Vocês tentaram voltar alguma vez?
Até pouco tempo atrás, eu achava que tratava-se de mero instinto novelístico. Essa necessidade de conhecer os detalhes de uma história de amor, romance, perda e tragédia, sem ter que esperar o folhetim do fim de semana.
Foi numa peça de teatro que a ficha caiu. A personagem, uma solteira louca pra casar, deu a dica: "recém separado é uma fria... o trauma da separação dura de 2 a 6 anos".
Foi só uma peça de teatro, mas me lembrou de uma estatística mais oficial. O período considerado "psicologicamente" saudável para um separado aceitar a perda e voltar a se envolver com outra pessoa varia de 1 a 2 anos.
Conclusão? Assumir sua condição de separado pode ser um bom início de conversa. Mas jamais -- e insisto no jamais -- confesse que foi você quem levou um pé na bunda... Conte uma história mais romântica. Que a vida não quis que vocês ficassem juntos, que a chama apagou e cada um foi para o seu lado. Que o destino os colocou em caminhos separados. E principalmente, que você já saiu do período de quarentena.
segunda-feira, 27 de agosto de 2007
O Separado é um Partidão!
Nada como uma mudança de ares e velhos amigos para uma nova perspectiva da vida de separado. Estava eu um pouco apreensivo em me mudar para a capital paulista, uma apreensão boba é verdade, mas apreensivo assim mesmo. Afinal ainda estava me acostumando à vida de separado e a idéia de me ver no meio de quase 10 milhões de estranhos tentando remontar uma rede de amizades quase do zero não era exatamente tranquilizadora.
E o engraçado é que bastou uma festa de aniversário com um grupinho de amigas casadas para perceber que um mundo de possibilidades pode se abrir. Bastou uma simples pergunta:
"Beto, vc quer que eu te apresente umas amigas?"
Minha primeira reação obviamente foi defensiva: "Tá me tirando?".
"Claro que não... é que eu tenho uma amiga que é uma gracinha. Acho que vc vai gostar dela".
O que me pareceu estranho nessa história toda é que elas nunca tiveram tanto interesse em apresentar essas amigas para seus amigos solteiros.
"Gata?"
"O Bicuto é apaixonado nela."
"E porque eles não ficam juntos?"
"Ah, ele não serve pra ela. Ele é muito enrolado."
"E eu não sou?"
"Vc sabe o que eu quero dizer. Ela precisa conhecer alguém sério."
"Eu sério?!? Esqueceu que eu tô tentando fazer fama de cafa?"
"Ah... pára com isso. Vc é um doce. A Bruninha vai te adorar."
"Vcs tão armando pra cima de mim. O Matite já conheceu ela?"
"Ah, o Matite só quer curtir. Essa é pra casar!"
"E se eu quiser só curtir também?"
"Larga de ser bobo Beto. Vc é um rapaz direito."
Hmm... quer dizer então que se o solteiro é curtição, o separado é partidão?
E o engraçado é que bastou uma festa de aniversário com um grupinho de amigas casadas para perceber que um mundo de possibilidades pode se abrir. Bastou uma simples pergunta:
"Beto, vc quer que eu te apresente umas amigas?"
Minha primeira reação obviamente foi defensiva: "Tá me tirando?".
"Claro que não... é que eu tenho uma amiga que é uma gracinha. Acho que vc vai gostar dela".
O que me pareceu estranho nessa história toda é que elas nunca tiveram tanto interesse em apresentar essas amigas para seus amigos solteiros.
"Gata?"
"O Bicuto é apaixonado nela."
"E porque eles não ficam juntos?"
"Ah, ele não serve pra ela. Ele é muito enrolado."
"E eu não sou?"
"Vc sabe o que eu quero dizer. Ela precisa conhecer alguém sério."
"Eu sério?!? Esqueceu que eu tô tentando fazer fama de cafa?"
"Ah... pára com isso. Vc é um doce. A Bruninha vai te adorar."
"Vcs tão armando pra cima de mim. O Matite já conheceu ela?"
"Ah, o Matite só quer curtir. Essa é pra casar!"
"E se eu quiser só curtir também?"
"Larga de ser bobo Beto. Vc é um rapaz direito."
Hmm... quer dizer então que se o solteiro é curtição, o separado é partidão?
quinta-feira, 9 de agosto de 2007
Sou separado sim! Você não?
Ele chegou quase uma hora atrasado. Culpa do trabalho, tudo acumulou pro final do dia como de costume e quase desistiu de sair pro happy hour, mas a vontade de sentar numa mesa com os amigos falou mais alto e ele foi atrasado mesmo.
Na mesa encontrou o pessoal de costume. Mas teve a agradável surpresa de conhecer três jovens mulheres convidadas por um dos seus colegas de copo. Como chegou atrasado, não escapou de se tornar o centro das atenções da mesa, e por centro das atenções entenda-se alvo de piadas e chacotas.
Após se acomodar na ponta da mesa, tentando disfarçar que sentou propositadamente entre as três novas personalidades à mesa, começou com as perguntas e respostas padrão para puxar conversa. Então de onde vocês conhecem o Fulano? O que fazem da vida? Onde trabalham? Moram por aqui? Etc...
E como sempre, alguém da mesa faz algum comentário que puxa o assunto de namoro, relacionamento, fidelidade e casamento. E como sempre, ele não se conteve e fez a tradicional observação sobre como todo o casamento é fadado a terminar com um pé na bunda.
O pessoal de sempre já esperava por isso, mas as moças estranharam. "Você é casado?", perguntam. "Não mais, sou separado" é a resposta.
Curiosamente, o foco da conversa do resto da mesa diverge para outro tema, mas as três param e olham e silêncio para ele. Um pouco difícil interpretar o que se passou na cabeça de cada uma delas... Uma parecia ter um pouco de pena. A outra um olhar de desconfiança, uma descrença na sinceridade da afirmação. A terceira apenas um olhar de curiosidade, como se nunca tivesse conhecido um separado antes.
Mas talvez não tenha sido nada disso. Talvez tenha sido só o fato dele ter dito que é um separado... Por um momento ele pensou que o "até que a morte os separe" valia mesmo para o stigma do estado civil.
Quando um solteiro solta na mesa que terminou um namoro, não é nada de mais. Até desperta o interesse de jovens solteiras que descobrem mais um um espécime de volta ao mercado. Mas quando um separado assume seu status, o efeito é bem diferente. Um misto de curiosidade e estranheza. O interesse não é na volta dele para o mercado, o interesse é mesmo saber como e porque aconteceu. Afinal um casamento não deveria terminar, e se terminou, não seria uma declaração de fracasso? Algo depreciativo que não deveria ser assumido?
Imaginem esse episódio se repetindo algumas vezes. Só resta ao separado se omitir e desviar o assunto, como se fosse um foragido da polícia matrimonial. Ou um fugitivo político exilado no mundo dos solteiros.
Cuidado! Você pode estar conversando com um separado e ainda não sabe. Somos muitos espalhados por aí...
Na mesa encontrou o pessoal de costume. Mas teve a agradável surpresa de conhecer três jovens mulheres convidadas por um dos seus colegas de copo. Como chegou atrasado, não escapou de se tornar o centro das atenções da mesa, e por centro das atenções entenda-se alvo de piadas e chacotas.
Após se acomodar na ponta da mesa, tentando disfarçar que sentou propositadamente entre as três novas personalidades à mesa, começou com as perguntas e respostas padrão para puxar conversa. Então de onde vocês conhecem o Fulano? O que fazem da vida? Onde trabalham? Moram por aqui? Etc...
E como sempre, alguém da mesa faz algum comentário que puxa o assunto de namoro, relacionamento, fidelidade e casamento. E como sempre, ele não se conteve e fez a tradicional observação sobre como todo o casamento é fadado a terminar com um pé na bunda.
O pessoal de sempre já esperava por isso, mas as moças estranharam. "Você é casado?", perguntam. "Não mais, sou separado" é a resposta.
Curiosamente, o foco da conversa do resto da mesa diverge para outro tema, mas as três param e olham e silêncio para ele. Um pouco difícil interpretar o que se passou na cabeça de cada uma delas... Uma parecia ter um pouco de pena. A outra um olhar de desconfiança, uma descrença na sinceridade da afirmação. A terceira apenas um olhar de curiosidade, como se nunca tivesse conhecido um separado antes.
Mas talvez não tenha sido nada disso. Talvez tenha sido só o fato dele ter dito que é um separado... Por um momento ele pensou que o "até que a morte os separe" valia mesmo para o stigma do estado civil.
Quando um solteiro solta na mesa que terminou um namoro, não é nada de mais. Até desperta o interesse de jovens solteiras que descobrem mais um um espécime de volta ao mercado. Mas quando um separado assume seu status, o efeito é bem diferente. Um misto de curiosidade e estranheza. O interesse não é na volta dele para o mercado, o interesse é mesmo saber como e porque aconteceu. Afinal um casamento não deveria terminar, e se terminou, não seria uma declaração de fracasso? Algo depreciativo que não deveria ser assumido?
Imaginem esse episódio se repetindo algumas vezes. Só resta ao separado se omitir e desviar o assunto, como se fosse um foragido da polícia matrimonial. Ou um fugitivo político exilado no mundo dos solteiros.
Cuidado! Você pode estar conversando com um separado e ainda não sabe. Somos muitos espalhados por aí...
domingo, 5 de agosto de 2007
A Incrível Descoincidência
Algumas coisas são extremamente mais simples para um solteiro do que para um separado. Alguém pode pensar que encontrar uma pessoa seria simples pra qualquer um, mas pode ser mais complicado do que parece.
A maior preocupação de um solteiro é o imediatismo, a balada do final de semana, a próxima festinha, a micareta, a rave, e por aí vai. É lá que ele vai encontrar outras tantas solteiras com a mesma preocupação: com quem eu vou ficar hoje... ou quem sabe, com quantas vou ficar hoje. De fato muito simples.
Um separado pode ir pra balada com esses objetivos também, afinal antes ir para uma pegação do que ficar sozinho curtindo uma fossa. Mas essa nunca vai ser a idéia que o separado vai levar com ele. Mesmo no meio da curtição, quando estiver xavecando, ou mesmo depois de alguns beijos, aquele insistente pensamento vai passar por sua cabeça: "será que ia dar certo?"
Daí o que era super simples, começa a ficar um pouco mais complicado. O momento da curtição passa, e o separado começa a se questionar qual o ponto em insistir em baladas e xavecos se no fim o que ele procura é um pouco mais do que a vida simples de solteiro.
Então o que é que o separado procura? Simples: recomeçar. Só que infelizmente é muito mais simples dizer do que fazer. Na verdade, recomeçar pode ser bastante complicado. Todo mundo sabe que encontrar sua "cara metade" não é tão fácil. Imagina então encontrar uma cara metade agora que você é uma pessoa com mais instrução, mais cultura, mais exigências, mais manias, e muito, muito mais neuras.
Onde um separado deveria procurar seu recomeço? Velhas amigas? Antigas namoradas? Quem sabe as amigas solteiras de seus amigos ainda casados? Onde encontrar mulheres maduras, independentes, bonitas e interessantes? Mas peraí! Essas perguntas valem para elas também! Afinal não tem só separados por aí.
Daí notamos uma incrível descoincidência. Se temos tantos separados e separadas buscando as mesmas coisas por aí, por que é tão difícil um se encontrar com o outro? Seria o separado dependente de um grande acaso para recomeçar? Ou é vítima de um acaso maior ainda que aparentemente o impede de encontrar a tal da cara metade?
Complicado o suficente?
A maior preocupação de um solteiro é o imediatismo, a balada do final de semana, a próxima festinha, a micareta, a rave, e por aí vai. É lá que ele vai encontrar outras tantas solteiras com a mesma preocupação: com quem eu vou ficar hoje... ou quem sabe, com quantas vou ficar hoje. De fato muito simples.
Um separado pode ir pra balada com esses objetivos também, afinal antes ir para uma pegação do que ficar sozinho curtindo uma fossa. Mas essa nunca vai ser a idéia que o separado vai levar com ele. Mesmo no meio da curtição, quando estiver xavecando, ou mesmo depois de alguns beijos, aquele insistente pensamento vai passar por sua cabeça: "será que ia dar certo?"
Daí o que era super simples, começa a ficar um pouco mais complicado. O momento da curtição passa, e o separado começa a se questionar qual o ponto em insistir em baladas e xavecos se no fim o que ele procura é um pouco mais do que a vida simples de solteiro.
Então o que é que o separado procura? Simples: recomeçar. Só que infelizmente é muito mais simples dizer do que fazer. Na verdade, recomeçar pode ser bastante complicado. Todo mundo sabe que encontrar sua "cara metade" não é tão fácil. Imagina então encontrar uma cara metade agora que você é uma pessoa com mais instrução, mais cultura, mais exigências, mais manias, e muito, muito mais neuras.
Onde um separado deveria procurar seu recomeço? Velhas amigas? Antigas namoradas? Quem sabe as amigas solteiras de seus amigos ainda casados? Onde encontrar mulheres maduras, independentes, bonitas e interessantes? Mas peraí! Essas perguntas valem para elas também! Afinal não tem só separados por aí.
Daí notamos uma incrível descoincidência. Se temos tantos separados e separadas buscando as mesmas coisas por aí, por que é tão difícil um se encontrar com o outro? Seria o separado dependente de um grande acaso para recomeçar? Ou é vítima de um acaso maior ainda que aparentemente o impede de encontrar a tal da cara metade?
Complicado o suficente?
sexta-feira, 27 de julho de 2007
O mito do cafajeste
No blog da Tati começou uma discussão sobre o cafa, que na definição dela é "Abreviação de Cafajeste = substantivo masculino, homem de ínfima condição, pessoa sem préstimo".
Eu vou um pouco além e digo que o "cafa" é o famoso "canalha". Aquele cara que ou não dá a mínima para a namorada, paquera ou esposa, ou faz questão de parecer assim. Aquele que não deixa de espichar o olhar para a gostosa passando do lado, mesmo quando está acompanhado. Que flerta com todas as amigas suas e da namorada. Enfim, canalha na mais plena definição.
Dito isso, já jogo na roda o mito do cafajeste que todo mundo já ouviu uma vez ou outra: "Mulher gosta mesmo é de canalha"!
Não é minha intenção soar machista ou leviano. É uma mera constatação do cotidiano, da vida como ela é (Nelson Rodrigues já sabia disso!). Todo mundo já viu isso na prática, seja na própria pele (sendo o canalha ou saindo com o canalha) ou testemunhando um amigo canalha ou uma amiga saindo com o canalha. E sempre fica a pergunta: "por que ela não larga dele?"
Nenhuma mulher vai admitir que gosta de cafa. É contraproducente. Porque o que atrai a mulher na canalhice é justamente o desafio... aquela busca pelo orgulho de ter dado "um jeito" no comportamento questionável do cafa. De poder olhar no espelho e dizer "sou mesmo um mulherão, ele nunca vai querer saber de outra".
Mas, obviamente, tudo isso é completamente inconsciente, subliminar até. Dificilmente isso sobe ao consciente. Fica lá no id, escondidinho, arrebatando emoções fortes. Ódio, vaidade, tesão... toda aquela montanha russa de emoções que toda mulher adora.
Quem se ferra nessa história são justamente os "bons moços". Esses não oferecem ameaça, uma vez conquistados, estão fadados à rotina... à mesmice. Qual cara nunca quis matar a menina que vira pra ele e diz com uma vozinha fininha: "ahh... você é tão bonzinho....". Se o bom moço não colocar as asinhas pra fora uma vez ou outra, a coisa fica morna, pacata, serena. Ninguém gosta de ficar andando de carrocel.
Não é que mulheres gostem de ser tratadas mal. Muito pelo contrário!!! Toda mulher merece nada menos do que o extraordinário. O problema é justamente saber o que é extraordinário para ela.
Daí caímos (quase sem querer) em mais uma diferença entre separados e solteiros. O solteiro é bem bipolar: ou é cafa ou é bom moço. Ou vai se dar bem com a "mulherada", ou vai entrar em um relacionamento sério, casar ou namorar ou morar junto, curtir seu tempo na terra e acabar com um pé na bunda... ou ao invés disso, voltar a ser um canalha e dar um pé na bunda.
O separado já tem uma chance de ser um pouco mais híbrido. Ele sabe que pra ser um bom moço, tem que deixar uma certa ameaça no ar. Vai manipulando o ciúme e a desconfiança pra nunca deixar o marasmo tomar conta. E no fundo no fundo, vai ser um pouco cafa mesmo e flertar bastante. Afinal, ele sabe que a coisa vai acabar mais cedo ou mais tarde e é preciso manter algumas portas abertas pro futuro.
O grande truque, tanto para solteiros quanto para separados é lembrar que o jogo não é de sedução (da namorada ou das amigas da namorada). Mas sim um jogo de vaidade. Aliás a vaidade é o maior - e por que não o melhor - dos pecados. Uma boa massagem no ego de uma mulher não tem preço. E que massagem melhor do ela perceber que é a única que vai conseguir te botar "no jeito"?
Eu vou um pouco além e digo que o "cafa" é o famoso "canalha". Aquele cara que ou não dá a mínima para a namorada, paquera ou esposa, ou faz questão de parecer assim. Aquele que não deixa de espichar o olhar para a gostosa passando do lado, mesmo quando está acompanhado. Que flerta com todas as amigas suas e da namorada. Enfim, canalha na mais plena definição.
Dito isso, já jogo na roda o mito do cafajeste que todo mundo já ouviu uma vez ou outra: "Mulher gosta mesmo é de canalha"!
Não é minha intenção soar machista ou leviano. É uma mera constatação do cotidiano, da vida como ela é (Nelson Rodrigues já sabia disso!). Todo mundo já viu isso na prática, seja na própria pele (sendo o canalha ou saindo com o canalha) ou testemunhando um amigo canalha ou uma amiga saindo com o canalha. E sempre fica a pergunta: "por que ela não larga dele?"
Nenhuma mulher vai admitir que gosta de cafa. É contraproducente. Porque o que atrai a mulher na canalhice é justamente o desafio... aquela busca pelo orgulho de ter dado "um jeito" no comportamento questionável do cafa. De poder olhar no espelho e dizer "sou mesmo um mulherão, ele nunca vai querer saber de outra".
Mas, obviamente, tudo isso é completamente inconsciente, subliminar até. Dificilmente isso sobe ao consciente. Fica lá no id, escondidinho, arrebatando emoções fortes. Ódio, vaidade, tesão... toda aquela montanha russa de emoções que toda mulher adora.
Quem se ferra nessa história são justamente os "bons moços". Esses não oferecem ameaça, uma vez conquistados, estão fadados à rotina... à mesmice. Qual cara nunca quis matar a menina que vira pra ele e diz com uma vozinha fininha: "ahh... você é tão bonzinho....". Se o bom moço não colocar as asinhas pra fora uma vez ou outra, a coisa fica morna, pacata, serena. Ninguém gosta de ficar andando de carrocel.
Não é que mulheres gostem de ser tratadas mal. Muito pelo contrário!!! Toda mulher merece nada menos do que o extraordinário. O problema é justamente saber o que é extraordinário para ela.
Daí caímos (quase sem querer) em mais uma diferença entre separados e solteiros. O solteiro é bem bipolar: ou é cafa ou é bom moço. Ou vai se dar bem com a "mulherada", ou vai entrar em um relacionamento sério, casar ou namorar ou morar junto, curtir seu tempo na terra e acabar com um pé na bunda... ou ao invés disso, voltar a ser um canalha e dar um pé na bunda.
O separado já tem uma chance de ser um pouco mais híbrido. Ele sabe que pra ser um bom moço, tem que deixar uma certa ameaça no ar. Vai manipulando o ciúme e a desconfiança pra nunca deixar o marasmo tomar conta. E no fundo no fundo, vai ser um pouco cafa mesmo e flertar bastante. Afinal, ele sabe que a coisa vai acabar mais cedo ou mais tarde e é preciso manter algumas portas abertas pro futuro.
O grande truque, tanto para solteiros quanto para separados é lembrar que o jogo não é de sedução (da namorada ou das amigas da namorada). Mas sim um jogo de vaidade. Aliás a vaidade é o maior - e por que não o melhor - dos pecados. Uma boa massagem no ego de uma mulher não tem preço. E que massagem melhor do ela perceber que é a única que vai conseguir te botar "no jeito"?
terça-feira, 24 de julho de 2007
E por que o susto?
A separação ou o pé na bunda, como prefiro chamar, é sempre uma surpresa. Lá está você, cheio de planos, vivendo o sonho do casamento, feliz da vida, achando que é pra sempre, que nada pode dar errado... e de repente você acorda e é um descasado.
Depois de algum tempo - dia, meses ou até anos -, você sai daquele estado vegetativo e volta a prestar atenção no mundo. Imagino que alguns até olham pra trás e se perguntam o que foi que deu errado. No momento acho que isso não é nada mais que um exercício de futilidade. O problema não é "o que", mas sim "quando".
Ia acontecer! Mais cedo, mais tarde, de um jeito, ou de outro. É estatístico! O IBGE já publicou que num período de 10 anos (1991 a 2001) houve um aumento de 30% das separações judiciais e 56% do número de divórcios. Estamos falando de quase 70.000 pés na bunda em 10 anos. E a tendência ainda é de crescimento. Acha mesmo que a sua retaguarda não ia (ou ainda vai) entrar nessa contagem? Tá certo que não é tanto assim, afinal são 7 pontapés a cada 10.000 habitantes, mas mesmo assim, não é tão difícil quanto ganhar na megasena, ou até fechar uma cartela de bingo.
Se você ainda tem dúvidas, vamos sair do grande território nacional e focar numa região mais próxima (de mim pelo menos). Na região Sudeste, em 2005, a relação de separações por casamentos ficou em 15%, ou seja, para cada 20 novos casais, 3 bundas eram chutadas. Já não é tão pouco assim.
Mas não há razão para desespero! É uma simples constatação de que não temos controle nenhum sobre nossa vida, quanto mais sobre a vida em casal.
Talvez a razão para o desespero venha com o grande aumento do número de casamentos em 2003. Principalmente, porque boa parte deste aumento se deve a novos casamentos envolvendo pessoas que já foram casadas antes. Insistência no erro?
Li uma citação na Veja que sempre arranca risadas em mesas de bar: "O Papa é contra o segundo casamento porque é solteiro. Se fosse casado seria contra o primeiro também!"
Embora possa parecer à primeira vista uma tendência masoquista, o segundo casamento pode até ser uma boa idéia. Se você se dispor a compartilhar sua vida novamente com uma outra pessoa, e principalmente aceitar a inexorável verdade que a união está fadada ao fim e que mais cedo ou mais tarde você vai dar ou levar uma butinada... bem, o que mais fazer senão aproveitar ao máximo cada dia como se fosse o último? Nada de planos, nada de sonhos, nada de expectativas. Viajar bastante, se divertir com ou sem os amigos, não deixar nenhuma nova amizade pra trás. Se entregar num salto suicida, pular de cabeça naquele turbilhão de sentimentos que te coloca no topo do mundo...
E se, ou quando, esse mesmo turbilhão te colocar no fundo do poço e mais uma vez você se encontrar sozinho... ei... não é surpresa pra ninguém... É pura estatística.
Depois de algum tempo - dia, meses ou até anos -, você sai daquele estado vegetativo e volta a prestar atenção no mundo. Imagino que alguns até olham pra trás e se perguntam o que foi que deu errado. No momento acho que isso não é nada mais que um exercício de futilidade. O problema não é "o que", mas sim "quando".
Ia acontecer! Mais cedo, mais tarde, de um jeito, ou de outro. É estatístico! O IBGE já publicou que num período de 10 anos (1991 a 2001) houve um aumento de 30% das separações judiciais e 56% do número de divórcios. Estamos falando de quase 70.000 pés na bunda em 10 anos. E a tendência ainda é de crescimento. Acha mesmo que a sua retaguarda não ia (ou ainda vai) entrar nessa contagem? Tá certo que não é tanto assim, afinal são 7 pontapés a cada 10.000 habitantes, mas mesmo assim, não é tão difícil quanto ganhar na megasena, ou até fechar uma cartela de bingo.
Se você ainda tem dúvidas, vamos sair do grande território nacional e focar numa região mais próxima (de mim pelo menos). Na região Sudeste, em 2005, a relação de separações por casamentos ficou em 15%, ou seja, para cada 20 novos casais, 3 bundas eram chutadas. Já não é tão pouco assim.
Mas não há razão para desespero! É uma simples constatação de que não temos controle nenhum sobre nossa vida, quanto mais sobre a vida em casal.
Talvez a razão para o desespero venha com o grande aumento do número de casamentos em 2003. Principalmente, porque boa parte deste aumento se deve a novos casamentos envolvendo pessoas que já foram casadas antes. Insistência no erro?
Li uma citação na Veja que sempre arranca risadas em mesas de bar: "O Papa é contra o segundo casamento porque é solteiro. Se fosse casado seria contra o primeiro também!"
Embora possa parecer à primeira vista uma tendência masoquista, o segundo casamento pode até ser uma boa idéia. Se você se dispor a compartilhar sua vida novamente com uma outra pessoa, e principalmente aceitar a inexorável verdade que a união está fadada ao fim e que mais cedo ou mais tarde você vai dar ou levar uma butinada... bem, o que mais fazer senão aproveitar ao máximo cada dia como se fosse o último? Nada de planos, nada de sonhos, nada de expectativas. Viajar bastante, se divertir com ou sem os amigos, não deixar nenhuma nova amizade pra trás. Se entregar num salto suicida, pular de cabeça naquele turbilhão de sentimentos que te coloca no topo do mundo...
E se, ou quando, esse mesmo turbilhão te colocar no fundo do poço e mais uma vez você se encontrar sozinho... ei... não é surpresa pra ninguém... É pura estatística.
domingo, 8 de julho de 2007
Domingo é sempre assim...
Estava eu no meu torpor de domingo à tarde, os últimos frutos da ressaca criteriosamente cultivada na noite anterior já haviam sido colhidos, os olhos mal acompanhavam a troca convulsiva de canais, a mente ainda se recusava a funcionar e o sono, revoltado por não ter recebido a devida atenção da noite, começava a cobrar as horas atrasadas...
De repente, uma música de gosto duvidoso despertou os sentidos: lalá-lalalá... Sílvio Santos vem aí...! "Ah é... hoje é domingo", gospe o cérebro. Em meio à distração, os olhos focaram num grande mosaico atrás do icônico apresentador. Estava cheio de luzes piscando e valores em dinheiro que algum freguês do Baú da Felicidade ansiaria em ganhar. Mas com a maioria dos quadros estão apagados, parece que faltavam somente as últimas perguntas.
O apresentador lança a primeira delas valendo $1.000: "Qual o seu maior sonho?" Putz, que pergunta ridícula! O cara fatura esse milão fácil... Mas a resposta do participante não vem. O apresentador então diz com uma risadinha irritante "Tempo!". Um relógio improvisado em croma-key aparece no canto da tela acompanhado de um efeito sonoro repetitivo, toscamente sincronizado com a coreografia das dançarinas nos cantos do palco. O tempo termina com uma sineta que me faz pensar em abaixar o volume da televisão, mas mudo de idéia quando a resposta chega quase como um suspiro: "Passo"... Que ridículo!
Segunda pergunta valendo $5.000: "Quais são seus planos pro futuro?" Caramba! Que tipo de pergunta é essa?!? Tem milhares de respostas possíveis! Só que o participante não responde e o reloginho começa o barulho irritante novamente. Dessa vez ele não espera a sineta e responde com mais convicção: "Passo!"
O apresentador parece se divertir com a inaptidão do participante e faz algumas piadas sem graça. O auditório responde às piadas com uma precisão quase ensaiada. O participante tenta formular uma desculpa, mas é interrompido pela pergunta número três, dessa vez valendo $10.000: "Qual o seu projeto de vida?" Eu quase grito para a televisão: "Responde qualquer coisa! Fala que você quer casar e ter filhos, que quer escrever um livro, trilhar o caminho de Santiago... descobrir a resposta para a vida, o universo e tudo mais! Qualquer coisa estúpida, estúpido!"... Minha irritação aumenta com a chegada do maldito reloginho. Dessa vez o participante espera a sineta, balbucia alguma coisa incompreensível... uma resposta? Minha irritação é substituída por ansiedade. Mas só até ouví-lo dizer: "Ai Sílvio, eu passo de novo."
O apresentador brinca mais uma vez com o participante e faz chacotas com o auditório. Penso em mudar de canal, mas estava começando a ficar com pena do pobre coitado e curioso em saber qual era a última pergunta e se pelo menos para essa ele conseguiria uma resposta.
O apresentador começou a fazer suspense para aterrorizar ainda mais o já confuso participante. "Agora é hora da pergunta do tudo ou nada. Caso aceite responder e acerte a resposta, você sai do programa com nada menos do que $100.000. Se errar a resposta você perde tudo. E se preferir, você não responde e eu passo a pergunta para o convidado da semana que vem". O auditório incentiva o participante a aceitar o desafio e ele, tentando disfarçar confiança, dá uma resposta de verdade pela primeira vez: "Eu vou responder, Sílvio!" O auditório aplaude e minha paciência diminui. Eu já sei que ele vai enfiar os pés pelas mãos. O apresentador então abre o último quadro iluminado do mosaico, providencialmente maior que os demais. E a pergunta é...: "O que você quer?"
Dessa vez não tem reloginho, não tem som irritante, não tem dançarinas bregas e nem auditório. Somente um close do participante olhando em total pânico para os lados. Tentando inutilmente encontrar uma dica da resposta ao seu redor. Só que não tem ninguém lá para ajudá-lo. Eu olho com mais atenção e finalmente começo a reconhecer a figura se aproximando na tela...
Antes de completar minha constatação, levanto de um salto do encosto do sofá. O suor está frio na minha testa, já está escuro lá fora e um tubarão acabou de devorar o Samuel L. Jackson na televisão. Os olhos, agora atentos, acompanham o rastro de sangue do personagem, o sono não pode mais ser visto no recinto, e a mente... ativa o suficiente para decidir que nunca mais como duas porções de lasanha depois de uma noitada de sábado...
De repente, uma música de gosto duvidoso despertou os sentidos: lalá-lalalá... Sílvio Santos vem aí...! "Ah é... hoje é domingo", gospe o cérebro. Em meio à distração, os olhos focaram num grande mosaico atrás do icônico apresentador. Estava cheio de luzes piscando e valores em dinheiro que algum freguês do Baú da Felicidade ansiaria em ganhar. Mas com a maioria dos quadros estão apagados, parece que faltavam somente as últimas perguntas.
O apresentador lança a primeira delas valendo $1.000: "Qual o seu maior sonho?" Putz, que pergunta ridícula! O cara fatura esse milão fácil... Mas a resposta do participante não vem. O apresentador então diz com uma risadinha irritante "Tempo!". Um relógio improvisado em croma-key aparece no canto da tela acompanhado de um efeito sonoro repetitivo, toscamente sincronizado com a coreografia das dançarinas nos cantos do palco. O tempo termina com uma sineta que me faz pensar em abaixar o volume da televisão, mas mudo de idéia quando a resposta chega quase como um suspiro: "Passo"... Que ridículo!
Segunda pergunta valendo $5.000: "Quais são seus planos pro futuro?" Caramba! Que tipo de pergunta é essa?!? Tem milhares de respostas possíveis! Só que o participante não responde e o reloginho começa o barulho irritante novamente. Dessa vez ele não espera a sineta e responde com mais convicção: "Passo!"
O apresentador parece se divertir com a inaptidão do participante e faz algumas piadas sem graça. O auditório responde às piadas com uma precisão quase ensaiada. O participante tenta formular uma desculpa, mas é interrompido pela pergunta número três, dessa vez valendo $10.000: "Qual o seu projeto de vida?" Eu quase grito para a televisão: "Responde qualquer coisa! Fala que você quer casar e ter filhos, que quer escrever um livro, trilhar o caminho de Santiago... descobrir a resposta para a vida, o universo e tudo mais! Qualquer coisa estúpida, estúpido!"... Minha irritação aumenta com a chegada do maldito reloginho. Dessa vez o participante espera a sineta, balbucia alguma coisa incompreensível... uma resposta? Minha irritação é substituída por ansiedade. Mas só até ouví-lo dizer: "Ai Sílvio, eu passo de novo."
O apresentador brinca mais uma vez com o participante e faz chacotas com o auditório. Penso em mudar de canal, mas estava começando a ficar com pena do pobre coitado e curioso em saber qual era a última pergunta e se pelo menos para essa ele conseguiria uma resposta.
O apresentador começou a fazer suspense para aterrorizar ainda mais o já confuso participante. "Agora é hora da pergunta do tudo ou nada. Caso aceite responder e acerte a resposta, você sai do programa com nada menos do que $100.000. Se errar a resposta você perde tudo. E se preferir, você não responde e eu passo a pergunta para o convidado da semana que vem". O auditório incentiva o participante a aceitar o desafio e ele, tentando disfarçar confiança, dá uma resposta de verdade pela primeira vez: "Eu vou responder, Sílvio!" O auditório aplaude e minha paciência diminui. Eu já sei que ele vai enfiar os pés pelas mãos. O apresentador então abre o último quadro iluminado do mosaico, providencialmente maior que os demais. E a pergunta é...: "O que você quer?"
Dessa vez não tem reloginho, não tem som irritante, não tem dançarinas bregas e nem auditório. Somente um close do participante olhando em total pânico para os lados. Tentando inutilmente encontrar uma dica da resposta ao seu redor. Só que não tem ninguém lá para ajudá-lo. Eu olho com mais atenção e finalmente começo a reconhecer a figura se aproximando na tela...
Antes de completar minha constatação, levanto de um salto do encosto do sofá. O suor está frio na minha testa, já está escuro lá fora e um tubarão acabou de devorar o Samuel L. Jackson na televisão. Os olhos, agora atentos, acompanham o rastro de sangue do personagem, o sono não pode mais ser visto no recinto, e a mente... ativa o suficiente para decidir que nunca mais como duas porções de lasanha depois de uma noitada de sábado...
sexta-feira, 29 de junho de 2007
Teoria da Relatividade
Eu suspeito que Einstein era um separado... talvez não de um casamento formal, mas certamente de um relacionamento com todas as alegrias e tristezas de um verdadeiro casamento. Só assim alguém pode perceber como o paradoxo reina nossas vidas e como tudo muda dependendo da perspectiva.
Veja só a questão do tempo. Einstein percebeu que o tempo, ao contrário do que todos os físicos casados ou solteiros pensavam, não é uma constante, não é imutável. O tempo é mais uma variável que pode mudar de acordo com a perspectiva do observador. Para um separado é fácil perceber essa variabilidade. Logo após tomar um pé na bunda, o conselho (ou consolo) número um que praticamente todo mundo vai dizer é: "o tempo cura todas as feridas", ou "dê tempo ao tempo", ou ainda "o tempo é o melhor remédio".
Claro que todos estão bem intencionados, e querem realmente te dar uma certa esperança de que as coisas vão melhorar. Mas como assim dar um tempo? Quanto tempo? Afinal, nós temos Internet, e-mail, blogs, RSS, notícia da última hora, celular, SMS... tudo para agora, tudo na hora... e eu tenho que esperar quanto tempo mesmo? Tempo é dinheiro, não dá pra ficar marcando touca... "the clock is ticking"... tic-tac tic-tac... Se eu tivesse tempo de sobra, ia assistir a terceira temporada de Lost...
Bom, mas se não tem jeito, vamos esperar o tempo passar. Mas aí começam as perguntas (que não passam de cobranças disfarçadas de perguntas): "você tá bem?", "já tá namorando?", "e aí? conheceu alguém especial?", "quer que eu te apresente umas amigas?", "você tem falado com a sua ex?". Err... isso quer dizer que o tempo já passou? Quanto tempo era mesmo?
Ver o tempo passar pode ser muito sufocante. Então o melhor é não ver o tempo passar. Mas daí o tempo passa assim mesmo e parece que você perdeu alguma coisa no meio do caminho. Como pode o tempo passar e eu ainda estar no mesmo lugar? É aí que Newton se deu mal, porque o Eistein percebeu que se você estiver se movendo numa velocidade suficientemente alta, o tempo não passa igual para quem está parado. Newton devia ser muito bem casado, porque parece que ficou no mesmo lugar.
Einstein deve ter percebido o princípio da relatividade observando um separado, ou seu próprio estado de separado. Um separado se sente exatamente assim: um sujeito andando numa velocidade suficientemente alta para não ver o tempo passar, e todo mundo parado em volta parece estar parado no mesmo lugar e acha que já deu tempo suficiente para você ter resolvido a sua vida, ter partido para outra, estar numa nice...
E no meio da correria às vezes você pára e olha o tempo... e é incrível perceber que algumas coisas não mudaram, como se o tempo realmente estivesse parado. E como todo mundo viu o tempo passar e você não, vem a preocupação de não estar aproveitando o seu tempo como o resto das pessoas acha que deveria... E os conselhos (ou consolos) continuam: "você tem que conhecer mais pessoas", "você está muito boêmio", "você tem que se divertir mais", "cuidado com os exageros"...
Mais complicado do que entender a Teoria da Relatividade, é entender como chegar num bom senso entre todos os conselhos que um separado recebe. E quanto tempo eu tinha mesmo? Hmm... melhor voltar a me mover numa velocidade suficientemente alta para ganhar mais um tempo.
Enfim, para um separado o tempo custa a passar, mas quando menos perceber, já são meses... e parece que não passou tempo nenhum. Caramba... eu devia ter assistido aquela temporada de Lost...
Veja só a questão do tempo. Einstein percebeu que o tempo, ao contrário do que todos os físicos casados ou solteiros pensavam, não é uma constante, não é imutável. O tempo é mais uma variável que pode mudar de acordo com a perspectiva do observador. Para um separado é fácil perceber essa variabilidade. Logo após tomar um pé na bunda, o conselho (ou consolo) número um que praticamente todo mundo vai dizer é: "o tempo cura todas as feridas", ou "dê tempo ao tempo", ou ainda "o tempo é o melhor remédio".
Claro que todos estão bem intencionados, e querem realmente te dar uma certa esperança de que as coisas vão melhorar. Mas como assim dar um tempo? Quanto tempo? Afinal, nós temos Internet, e-mail, blogs, RSS, notícia da última hora, celular, SMS... tudo para agora, tudo na hora... e eu tenho que esperar quanto tempo mesmo? Tempo é dinheiro, não dá pra ficar marcando touca... "the clock is ticking"... tic-tac tic-tac... Se eu tivesse tempo de sobra, ia assistir a terceira temporada de Lost...
Bom, mas se não tem jeito, vamos esperar o tempo passar. Mas aí começam as perguntas (que não passam de cobranças disfarçadas de perguntas): "você tá bem?", "já tá namorando?", "e aí? conheceu alguém especial?", "quer que eu te apresente umas amigas?", "você tem falado com a sua ex?". Err... isso quer dizer que o tempo já passou? Quanto tempo era mesmo?
Ver o tempo passar pode ser muito sufocante. Então o melhor é não ver o tempo passar. Mas daí o tempo passa assim mesmo e parece que você perdeu alguma coisa no meio do caminho. Como pode o tempo passar e eu ainda estar no mesmo lugar? É aí que Newton se deu mal, porque o Eistein percebeu que se você estiver se movendo numa velocidade suficientemente alta, o tempo não passa igual para quem está parado. Newton devia ser muito bem casado, porque parece que ficou no mesmo lugar.
Einstein deve ter percebido o princípio da relatividade observando um separado, ou seu próprio estado de separado. Um separado se sente exatamente assim: um sujeito andando numa velocidade suficientemente alta para não ver o tempo passar, e todo mundo parado em volta parece estar parado no mesmo lugar e acha que já deu tempo suficiente para você ter resolvido a sua vida, ter partido para outra, estar numa nice...
E no meio da correria às vezes você pára e olha o tempo... e é incrível perceber que algumas coisas não mudaram, como se o tempo realmente estivesse parado. E como todo mundo viu o tempo passar e você não, vem a preocupação de não estar aproveitando o seu tempo como o resto das pessoas acha que deveria... E os conselhos (ou consolos) continuam: "você tem que conhecer mais pessoas", "você está muito boêmio", "você tem que se divertir mais", "cuidado com os exageros"...
Mais complicado do que entender a Teoria da Relatividade, é entender como chegar num bom senso entre todos os conselhos que um separado recebe. E quanto tempo eu tinha mesmo? Hmm... melhor voltar a me mover numa velocidade suficientemente alta para ganhar mais um tempo.
Enfim, para um separado o tempo custa a passar, mas quando menos perceber, já são meses... e parece que não passou tempo nenhum. Caramba... eu devia ter assistido aquela temporada de Lost...
quarta-feira, 20 de junho de 2007
O outro lado da moeda
Resolvi fazer um agrado para as leitoras deste blog (sim é verdade... tive leitoras passando por aqui!). Para provar que sou totalmente imparcial na minha análise da vida de separado, vou tentar passar a experiência de uma mulher que resolveu se separar, isto é, dar um pé na bunda do cara.
Calma... calma... nada de falar da minha ex aqui! Ética antes de mais nada. O que acontece é que eu tive a feliz coincidência de conversar com uma grande amiga que estava toda insegura porque queria terminar o namoro-casamento de 9 anos mas não tinha coragem. Daí para infelicidade do pobre rapaz, ela resolveu me contar a história e perguntou o que eu achava. Então vamos ao cenário:
Estamos falando do típico casamento. Relacionamento bem estável, com algumas brigas superadas e uma ou outra separação temporária no meio do caminho é verdade, mas sempre voltaram a ficar juntos. Amigos em comum, apoio da família... todo mundo torcendo pra sair casamento oficial. E o ponto crucial: os dois são grandes amigos. Mas daí veio "a dúvida".
Eu acho que "a dúvida" vem mais cedo ou mais tarde na cabeça de toda mulher que está em um relacionamento sério. Sabe quando você acabou de sair de casa e de repente bate uma insegurança se você lembrou de trancar a porta de casa? Você tem certeza de que trancou, que é bobagem se dar o trabalho de voltar pra verificar. Mas daí fica aquela sensaçãozinha chata de que talvez, só talvez, você esqueceu e quando voltar pra casa no fim do dia vai se arrepender de não ter voltado pra checar. Pois é, "a dúvida" é a mesma coisa, só que em vez de se perguntar se a porta está trancada, você se pergunta se está apaixonada pela porta do seu marido.
Voltando à história, ela chegou na "dúvida". E fez o que toda a mulher faz quando está em dúvida ou insatisfeita com alguma coisa: dá pequenos sinais e dicas de que não está legal. Obviamente não funcionou. Uma coisa que as mulheres teimam em fazer, é pensar que um homem vai responder a um "simancol" como uma mulher. Mulheres, entendam: homens são como crianças de 5 anos de idade. Não é a cara feia da professora que vai fazê-lo entender que não pode botar fogo na carteira. Não adianta ficar chamado a atenção discretamente esperando que ele entenda e tome a atitude que vocês esperam que ele tome.
E mesmo que estivéssemos falando de um cara super sensível, atencioso e completamente devotado (o que é uma fantasia, a não ser talvez num relacionamento homossexual) e ele perceber os sinais, ele vai reagir como todo homem reage numa situação dessas: vai fingir que não está acontecendo nada e esperar o pior passar.
Eu sei que pode parecer difícil de entender tanto para os homens quanto para as mulheres, mas tudo pode ser explicado pela biologia. A mulher é por natureza uma constante mudança. Puxa vida, é uma montanha russa de hormônios subindo e descendo, subindo e descendo, o tempo todo! Uma verdadeira novela das oito de emoções condensada em 28 dias. É claro que a mulher vai ter dúvidas sobre qualquer coisa, ela não sabe nem se vai estar de bom humor amanhã!!! Enfim, tudo pode estar perfeito na vida de uma mulher, mas mais cedo ou mais tarde, ela vai achar que tem alguma coisa errada.
Já o homem não tem nada disso. É uma única e verdadeira constante durante toda a sua vida: espalhe o seu código genético. A única variabilidade é que alguns homens ficam solteiros e espalham o código por aí à esmo o resto da vida, enquanto outros se casam e espalham o código num lugar só por um determinado período de tempo e depois voltam a espalhar à esmo (por favor usem camisinha!). Sempre que um homem encontra um problema, ele vai fingir que não é com ele na esperança de que vai passar, ou que alguém vai resolver pra ele. Querem maior exemplo do que a política do "eu não sei de nada" do nosso querido presidente?
Mas voltando à história, ela ficou dando os sinais e ele ficou ignorando. E ela foi ficando cada vez mais frustrada, e ele continuou ignorando. Aí ela conversou com um separado triturador de almas que falou o seguinte: "Você é uma sacana! Está aí enrolando o pobre coitado. O cara tá apaixonado, morrendo de medo de te perder e você fica aí dando voltinhas com a cabeça dele. Vai lá e acaba com essa agonia de vez." Obviamente ela achou isso um absurdo: "Ah mas eu não quero magoar ele. Eu gosto muito dele!"... (Alguém já leu isso antes por aqui?)
O triturador de almas falou pra ela: "Se você gosta tanto dele, fica com ele, ué? Quer separar porquê?"... E a resposta foi uma bomba! Ai de vocês mulheres se algum dia falarem isso em voz alta perto do futuro ex... Ai de vocês homens se não encherem a cara da mulher de bolacha se ouvirem isso alguma vez... A resposta dela, dita quase com vergonha (e tem que ficar com vergonha mesmo), foi: "Mas é que eu gosto dele como um irmão..."
Empatia é uma coisa complicada. Não pude deixar de tomar as dores do irmão... quero dizer, do marido. Apesar de toda a pressão social, virar irmão da esposa é pior do que ser corno. Claro que ser traído magoa muito, mas quando a separação é porque apareceu um outra pessoa, você tem uma razão óbvia do porque acabou. Simplesmente apareceu alguém que mexeu com ela. Agora dizer que a relação acabou porque você, do nada, virou um irmão para ela... isso sim é motivo para anos de terapia.
Minha reação na hora da resposta foi tão evidente que acho que foi exatamente nesse momento que ela finalmente tomou a decisão de descer o machado. E não deu nem um mês e mais um separado, sem nem imaginar como as coisas puderam chegaram naquele ponto, foi solto no mundo.
Seja bem-vindo irmão....!!!!
quero dizer, separado.
Calma... calma... nada de falar da minha ex aqui! Ética antes de mais nada. O que acontece é que eu tive a feliz coincidência de conversar com uma grande amiga que estava toda insegura porque queria terminar o namoro-casamento de 9 anos mas não tinha coragem. Daí para infelicidade do pobre rapaz, ela resolveu me contar a história e perguntou o que eu achava. Então vamos ao cenário:
Estamos falando do típico casamento. Relacionamento bem estável, com algumas brigas superadas e uma ou outra separação temporária no meio do caminho é verdade, mas sempre voltaram a ficar juntos. Amigos em comum, apoio da família... todo mundo torcendo pra sair casamento oficial. E o ponto crucial: os dois são grandes amigos. Mas daí veio "a dúvida".
Eu acho que "a dúvida" vem mais cedo ou mais tarde na cabeça de toda mulher que está em um relacionamento sério. Sabe quando você acabou de sair de casa e de repente bate uma insegurança se você lembrou de trancar a porta de casa? Você tem certeza de que trancou, que é bobagem se dar o trabalho de voltar pra verificar. Mas daí fica aquela sensaçãozinha chata de que talvez, só talvez, você esqueceu e quando voltar pra casa no fim do dia vai se arrepender de não ter voltado pra checar. Pois é, "a dúvida" é a mesma coisa, só que em vez de se perguntar se a porta está trancada, você se pergunta se está apaixonada pela porta do seu marido.
Voltando à história, ela chegou na "dúvida". E fez o que toda a mulher faz quando está em dúvida ou insatisfeita com alguma coisa: dá pequenos sinais e dicas de que não está legal. Obviamente não funcionou. Uma coisa que as mulheres teimam em fazer, é pensar que um homem vai responder a um "simancol" como uma mulher. Mulheres, entendam: homens são como crianças de 5 anos de idade. Não é a cara feia da professora que vai fazê-lo entender que não pode botar fogo na carteira. Não adianta ficar chamado a atenção discretamente esperando que ele entenda e tome a atitude que vocês esperam que ele tome.
E mesmo que estivéssemos falando de um cara super sensível, atencioso e completamente devotado (o que é uma fantasia, a não ser talvez num relacionamento homossexual) e ele perceber os sinais, ele vai reagir como todo homem reage numa situação dessas: vai fingir que não está acontecendo nada e esperar o pior passar.
Eu sei que pode parecer difícil de entender tanto para os homens quanto para as mulheres, mas tudo pode ser explicado pela biologia. A mulher é por natureza uma constante mudança. Puxa vida, é uma montanha russa de hormônios subindo e descendo, subindo e descendo, o tempo todo! Uma verdadeira novela das oito de emoções condensada em 28 dias. É claro que a mulher vai ter dúvidas sobre qualquer coisa, ela não sabe nem se vai estar de bom humor amanhã!!! Enfim, tudo pode estar perfeito na vida de uma mulher, mas mais cedo ou mais tarde, ela vai achar que tem alguma coisa errada.
Já o homem não tem nada disso. É uma única e verdadeira constante durante toda a sua vida: espalhe o seu código genético. A única variabilidade é que alguns homens ficam solteiros e espalham o código por aí à esmo o resto da vida, enquanto outros se casam e espalham o código num lugar só por um determinado período de tempo e depois voltam a espalhar à esmo (por favor usem camisinha!). Sempre que um homem encontra um problema, ele vai fingir que não é com ele na esperança de que vai passar, ou que alguém vai resolver pra ele. Querem maior exemplo do que a política do "eu não sei de nada" do nosso querido presidente?
Mas voltando à história, ela ficou dando os sinais e ele ficou ignorando. E ela foi ficando cada vez mais frustrada, e ele continuou ignorando. Aí ela conversou com um separado triturador de almas que falou o seguinte: "Você é uma sacana! Está aí enrolando o pobre coitado. O cara tá apaixonado, morrendo de medo de te perder e você fica aí dando voltinhas com a cabeça dele. Vai lá e acaba com essa agonia de vez." Obviamente ela achou isso um absurdo: "Ah mas eu não quero magoar ele. Eu gosto muito dele!"... (Alguém já leu isso antes por aqui?)
O triturador de almas falou pra ela: "Se você gosta tanto dele, fica com ele, ué? Quer separar porquê?"... E a resposta foi uma bomba! Ai de vocês mulheres se algum dia falarem isso em voz alta perto do futuro ex... Ai de vocês homens se não encherem a cara da mulher de bolacha se ouvirem isso alguma vez... A resposta dela, dita quase com vergonha (e tem que ficar com vergonha mesmo), foi: "Mas é que eu gosto dele como um irmão..."
Empatia é uma coisa complicada. Não pude deixar de tomar as dores do irmão... quero dizer, do marido. Apesar de toda a pressão social, virar irmão da esposa é pior do que ser corno. Claro que ser traído magoa muito, mas quando a separação é porque apareceu um outra pessoa, você tem uma razão óbvia do porque acabou. Simplesmente apareceu alguém que mexeu com ela. Agora dizer que a relação acabou porque você, do nada, virou um irmão para ela... isso sim é motivo para anos de terapia.
Minha reação na hora da resposta foi tão evidente que acho que foi exatamente nesse momento que ela finalmente tomou a decisão de descer o machado. E não deu nem um mês e mais um separado, sem nem imaginar como as coisas puderam chegaram naquele ponto, foi solto no mundo.
Seja bem-vindo irmão....!!!!
quero dizer, separado.
sexta-feira, 15 de junho de 2007
O tal do pé na bunda...
Acho que a melhor forma de diferenciar solteiros de separados é justamente uma coisa que um tem e o outro não: o pé na bunda.
Não se engane... todo casamento termina com um pé na bunda! Exceto aqueles que terminam com o pé na cova, mas daí vc não tem mais um separado, e sim um viúvo ou (espero para seu bem que não) um presunto.... Mas vamos nos ater ao tópico em questão: todo casamento termina... e termina com um pé na bunda.
A separação consensual é justamente aquela em que um dá o pé na bunda e o outro consente em tomar o coice. Já a separação litigiosa é aquela em que um dá o pé na bunda e o outro quer ficar com a bota de lembrança, ou serrar o pé fora por pura desforra.
Embora eu adore a palavra, para o texto não ficar massante e eu não ficar repetindo bunda o tempo inteiro, vou dar um nome mais científico para pé na dita cuja. Vou chamar de "o ocorrido". Pois então, o ocorrido pode ser dado ou recebido, mas sempre chega.
E embora muitos digam que foram pegos de surpresa, que nunca esperavam isso e que não entendem como as coisas chegaram nesse ponto, basta dar um passo para trás e olhar os últimos eventos que você vai perceber que o ocorrido não vem sem milhares... (vou até escrever em caps) MILHARES de avisos.
Os sinais são sistematicamente claros, mas quando somos a futura vítima do ocorrido, escolhemos consciente ou inconscientemente desviar nossa atenção achando que tudo de estranho na relação é por conta de algum outro motivo. As coisas estão estranhas pq o trabalho tá pegando pesado... a gente precisa de férias... a mãe dele não dá sossego... isso é crise de ciúme... TPM!... é só uma fase ruim...
Ah... o início do fim... se um casado soubesse o que o espera iria visualizar, como num animê barato, aquela "butina" gigantesca vindo implacavelmente em câmera lenta, dirigindo-se diretamente para sua desavisada retaguarda...
Mas a realidade é muito dura para ser encarada assim de frente. Já percebeu o quanto é providencial a metáfora do pé na parte que senta primeiro? Justamente para onde vc não está olhando. Quem vive em um casamento já está muito ocupado evitando a realidade e insistindo no sonho do amor eterno.
Outra coincidência providencial da metáfora é o desconforto do ocorrido. Pra quem leva isso é muito óbvio, mas para quem dá o pontapé também não é a melhor das situações. Se era um relacionamento sincero, cúmplice e apaixonado, o dono do coturno também não gosta da idéia e tenta (realmente tenta) fazê-lo da forma mais indolor possível. O que obviamente deixa tudo muito pior, mas imagino que se não fosse assim não seria tão trágico e nem tão cômico.
Cômico sim! Imagine um carrasco com medo de machucar o condenado prestes a perder a cabeça. O pobre coitado lá ajoelhado com a cabeça apoiada num toco de madeira, braços atados às costas, apavorado com o que está pra acontecer. Daí o carrasco, com o machado na mão, vira pra ele e diz: "Olha, eu não quero te magoar, você é muito importante pra mim. Vivemos momentos maravilhosos, mas as coisas não estão mais funcionando entre nós. Eu queria que fosse diferente, eu ainda gosto muito de você, mas vou ter que cortar sua cabeça assim mesmo". E pra piorar ainda dá uns golpes incertos só pra te deixar na dúvida se é mesmo a sua cabeça que ele quer cortar... O Mel Gibson deveria ter usado um diálogo assim no final do Coração Valente (não quando o Wallace é torturado, mas quando decide dar um fora na princesa francesa).
Mas nós que tomamos a bifa temos que dar um desconto. Afinal se fôssemos nós do outro lado da bota, acho que iríamos fazer exatamente o mesmo. Talvez seja por isso que algumas mulheres (pra não dizer todas) têm uma queda por canalhas... a facilidade de dar e receber um pé na bunda bem justificado. Mas daí nem é um pé na bunda... já caímos de volta no mundo do solteiro.
Esse nem sabe o que é um bom pé nas nádegas. Muitos iriam discordar dizendo com o peito cheio: "Já levei um pé na bunda sim!!!"... Ah, meu amigo solteiro... você está em outra escala. Você já imagina que isso ia acontecer desde o primeiro momento. Já estava tão preparado pra isso, que até já tinha o discurso pronto pra dar o fora antes de tomar na cara... quero dizer, na bucha. E também garanto que já tinha até o plano de contingência caso fosse pego de surpresa (ou duas ou três contingências já pré agendadas pro próximo fim de semana). Conclusão, o pé na bunda de um solteiro é praticamente um alvará de soltura! É o alívio que todo o solteiro anseia quando o namoro começa a ficar com cara de casamento.
Enfim, o pé na bunda é inevitável, machuca pacas e provavelmente você vai levar mais de um na sua vida... então já deixa o gelol no jeito.
Não se engane... todo casamento termina com um pé na bunda! Exceto aqueles que terminam com o pé na cova, mas daí vc não tem mais um separado, e sim um viúvo ou (espero para seu bem que não) um presunto.... Mas vamos nos ater ao tópico em questão: todo casamento termina... e termina com um pé na bunda.
A separação consensual é justamente aquela em que um dá o pé na bunda e o outro consente em tomar o coice. Já a separação litigiosa é aquela em que um dá o pé na bunda e o outro quer ficar com a bota de lembrança, ou serrar o pé fora por pura desforra.
Embora eu adore a palavra, para o texto não ficar massante e eu não ficar repetindo bunda o tempo inteiro, vou dar um nome mais científico para pé na dita cuja. Vou chamar de "o ocorrido". Pois então, o ocorrido pode ser dado ou recebido, mas sempre chega.
E embora muitos digam que foram pegos de surpresa, que nunca esperavam isso e que não entendem como as coisas chegaram nesse ponto, basta dar um passo para trás e olhar os últimos eventos que você vai perceber que o ocorrido não vem sem milhares... (vou até escrever em caps) MILHARES de avisos.
Os sinais são sistematicamente claros, mas quando somos a futura vítima do ocorrido, escolhemos consciente ou inconscientemente desviar nossa atenção achando que tudo de estranho na relação é por conta de algum outro motivo. As coisas estão estranhas pq o trabalho tá pegando pesado... a gente precisa de férias... a mãe dele não dá sossego... isso é crise de ciúme... TPM!... é só uma fase ruim...
Ah... o início do fim... se um casado soubesse o que o espera iria visualizar, como num animê barato, aquela "butina" gigantesca vindo implacavelmente em câmera lenta, dirigindo-se diretamente para sua desavisada retaguarda...
Mas a realidade é muito dura para ser encarada assim de frente. Já percebeu o quanto é providencial a metáfora do pé na parte que senta primeiro? Justamente para onde vc não está olhando. Quem vive em um casamento já está muito ocupado evitando a realidade e insistindo no sonho do amor eterno.
Outra coincidência providencial da metáfora é o desconforto do ocorrido. Pra quem leva isso é muito óbvio, mas para quem dá o pontapé também não é a melhor das situações. Se era um relacionamento sincero, cúmplice e apaixonado, o dono do coturno também não gosta da idéia e tenta (realmente tenta) fazê-lo da forma mais indolor possível. O que obviamente deixa tudo muito pior, mas imagino que se não fosse assim não seria tão trágico e nem tão cômico.
Cômico sim! Imagine um carrasco com medo de machucar o condenado prestes a perder a cabeça. O pobre coitado lá ajoelhado com a cabeça apoiada num toco de madeira, braços atados às costas, apavorado com o que está pra acontecer. Daí o carrasco, com o machado na mão, vira pra ele e diz: "Olha, eu não quero te magoar, você é muito importante pra mim. Vivemos momentos maravilhosos, mas as coisas não estão mais funcionando entre nós. Eu queria que fosse diferente, eu ainda gosto muito de você, mas vou ter que cortar sua cabeça assim mesmo". E pra piorar ainda dá uns golpes incertos só pra te deixar na dúvida se é mesmo a sua cabeça que ele quer cortar... O Mel Gibson deveria ter usado um diálogo assim no final do Coração Valente (não quando o Wallace é torturado, mas quando decide dar um fora na princesa francesa).
Mas nós que tomamos a bifa temos que dar um desconto. Afinal se fôssemos nós do outro lado da bota, acho que iríamos fazer exatamente o mesmo. Talvez seja por isso que algumas mulheres (pra não dizer todas) têm uma queda por canalhas... a facilidade de dar e receber um pé na bunda bem justificado. Mas daí nem é um pé na bunda... já caímos de volta no mundo do solteiro.
Esse nem sabe o que é um bom pé nas nádegas. Muitos iriam discordar dizendo com o peito cheio: "Já levei um pé na bunda sim!!!"... Ah, meu amigo solteiro... você está em outra escala. Você já imagina que isso ia acontecer desde o primeiro momento. Já estava tão preparado pra isso, que até já tinha o discurso pronto pra dar o fora antes de tomar na cara... quero dizer, na bucha. E também garanto que já tinha até o plano de contingência caso fosse pego de surpresa (ou duas ou três contingências já pré agendadas pro próximo fim de semana). Conclusão, o pé na bunda de um solteiro é praticamente um alvará de soltura! É o alívio que todo o solteiro anseia quando o namoro começa a ficar com cara de casamento.
Enfim, o pé na bunda é inevitável, machuca pacas e provavelmente você vai levar mais de um na sua vida... então já deixa o gelol no jeito.
terça-feira, 12 de junho de 2007
Dia dos Namorados?... Que nada, o dia é dos Separados!
O que um separado faz no dia dos namorados?
Uma excelente pergunta... Primeiro ele trabalha, afinal dia dos namorados raramente cai em final de semana, e se cair, é óbvio que o separado vai pra balada... ou melhor... vai pra batalha.
Segundo, ele economiza uma grana. Afinal, pra quê comprar presente de dia dos namorados se nem namorada ele tem. Ahá!!! Outra diferença essencial entre o separado e o solteiro: o solteiro pode arranjar uma namorada de uma hora pra outra... já o separado não arranja uma namorada, ele arranja um encontro, uma amante, um caso.
A diferença está em como um ou outro encara o compromisso. Essa palavrinha grande é mais uma divisor de águas no universo masculino. O solteiro é por definição óbvia um "espírito livre", isto é, o compromisso vem e vai com uma facilidade gigantesca. O solteiro se apaixona loucamente em poucos segundos e basta um belo par de pernas (ou qualquer outro atributo feminino) para mudar sua filosofia de vida de uma hora para outra.
Essa volatilidade inicialmente paradoxal com o compromisso é o que permite ao solteiro se entregar de corpo e alma em um relacionamento, realmente começar um namoro. E se o namoro evoluir (e provavelmente vai, já que até um pokemon evolui) vai se tornar uma grande paixão, que vai se tornar um grande amor, até que enfim vai atingir o ápice e virar um pé na bunda...
O separado sabe melhor... já está escaldado, sabe onde a estrada termina. O que vc, caro leitor, precisa entender é que o separado já viveu a experiência do compromisso, e sabe melhor que ninguém que namoro nada mais é que o princípio do fim. Então, não se iluda, o separado não namora.
Mas calma lá... não é que o separado não seja romântico, muito pelo contrário! O separado é muito mais romântico que o solteiro. Justamente porque enquanto o solteiro está envolto em sua viagem apaixonada e se derrete todo no dia dos namorados, o separado está muito mais sóbrio e sabe que a melhor tática é armar uma emboscada e surpreender a vítima quando ela menos espera.
Pense nas melhores histórias que vc já leu ou já ouviu alguém contar de escapadelas românticas, seja no dia dos namorados, dia dos amantes, ou naquela terça-feira preguiçosa... é sempre de sobre um sujeito que, se não foi casado, já teve um (ou mais) grande amor na vida. O romantismo dessas histórias é a ilusão friamente articulada de um separado para convencer a parceira de que o que eles têm é muito mais que um namoro... é uma cumplicidade deliciosamente pecaminosa que jamais vai ter o mesmo tesão se estiver restrita a um compromisso.
Pode soar canalhice, mas quem é mais canalha? O que diz que ama para a namorada da semana, ou o que ama descompromissadamente?
Então o que o separado faz no dia dos namorados?... Ele relaxa escutando um bom som, degustando um bom vinho, saboreando uma bela refeição, e pensa com carinho qual será a próxima surpresa romântica que vai armar para alguma felizarda desavisada... (afinal, sobrou aquela graninha que ele não torrou com um jantarzinho padrão de dia dos namorados).
Viva o Dia dos Separados!
Uma excelente pergunta... Primeiro ele trabalha, afinal dia dos namorados raramente cai em final de semana, e se cair, é óbvio que o separado vai pra balada... ou melhor... vai pra batalha.
Segundo, ele economiza uma grana. Afinal, pra quê comprar presente de dia dos namorados se nem namorada ele tem. Ahá!!! Outra diferença essencial entre o separado e o solteiro: o solteiro pode arranjar uma namorada de uma hora pra outra... já o separado não arranja uma namorada, ele arranja um encontro, uma amante, um caso.
A diferença está em como um ou outro encara o compromisso. Essa palavrinha grande é mais uma divisor de águas no universo masculino. O solteiro é por definição óbvia um "espírito livre", isto é, o compromisso vem e vai com uma facilidade gigantesca. O solteiro se apaixona loucamente em poucos segundos e basta um belo par de pernas (ou qualquer outro atributo feminino) para mudar sua filosofia de vida de uma hora para outra.
Essa volatilidade inicialmente paradoxal com o compromisso é o que permite ao solteiro se entregar de corpo e alma em um relacionamento, realmente começar um namoro. E se o namoro evoluir (e provavelmente vai, já que até um pokemon evolui) vai se tornar uma grande paixão, que vai se tornar um grande amor, até que enfim vai atingir o ápice e virar um pé na bunda...
O separado sabe melhor... já está escaldado, sabe onde a estrada termina. O que vc, caro leitor, precisa entender é que o separado já viveu a experiência do compromisso, e sabe melhor que ninguém que namoro nada mais é que o princípio do fim. Então, não se iluda, o separado não namora.
Mas calma lá... não é que o separado não seja romântico, muito pelo contrário! O separado é muito mais romântico que o solteiro. Justamente porque enquanto o solteiro está envolto em sua viagem apaixonada e se derrete todo no dia dos namorados, o separado está muito mais sóbrio e sabe que a melhor tática é armar uma emboscada e surpreender a vítima quando ela menos espera.
Pense nas melhores histórias que vc já leu ou já ouviu alguém contar de escapadelas românticas, seja no dia dos namorados, dia dos amantes, ou naquela terça-feira preguiçosa... é sempre de sobre um sujeito que, se não foi casado, já teve um (ou mais) grande amor na vida. O romantismo dessas histórias é a ilusão friamente articulada de um separado para convencer a parceira de que o que eles têm é muito mais que um namoro... é uma cumplicidade deliciosamente pecaminosa que jamais vai ter o mesmo tesão se estiver restrita a um compromisso.
Pode soar canalhice, mas quem é mais canalha? O que diz que ama para a namorada da semana, ou o que ama descompromissadamente?
Então o que o separado faz no dia dos namorados?... Ele relaxa escutando um bom som, degustando um bom vinho, saboreando uma bela refeição, e pensa com carinho qual será a próxima surpresa romântica que vai armar para alguma felizarda desavisada... (afinal, sobrou aquela graninha que ele não torrou com um jantarzinho padrão de dia dos namorados).
Viva o Dia dos Separados!
terça-feira, 5 de junho de 2007
Definições básicas
Antes de mais nada deixe eu detalhar melhor que tipo de relacionamento estou tratando aqui. Afinal, todo mundo sabe que existem casamentos e casamentos.
O tipo que eu estou falando é aquele que vc realmente se importa com a pessoa do seu lado no altar. Aquele tipo de casamento que vc faz planos junto com a esposa... pensa na futura casa, nos futuros filhos, plano de previdência, seguro saúde, o pacote todo.
Mesmo quando não tem altar. Quando vc decide ir morar junto, rachar as despesas, escolher o jogo de copos, fazer supermercado, brigar por conta do controle remoto, ficar com ciúme pq um ou outro decidiu tirar uma noite com os amigos. Aquela vontade de ficar na cama até mais tarde só pra ficar agarradinho. Ir no banheiro e deixar a porta aberta. Falar o que enche o saco, rir da mesma piada dez vezes seguidas. Brigar quando está com vontade de brigar, beijar quando está com vontade de beijar. Estou falando aqui de cumplicidade... de quando vc toma aquele imenso fôlego e decide que vc não é mais um e sim dois.
O que diferencia não é o papel passado, não é o estado civil. A diferença está quando vc se olha no espelho e vê um homem casado e feliz.
Quando vc namora, ou fica, ou tem um caso, o sentimento é outro. O envolvimento é outro. Vc está mais preocupado em aproveitar o momento, vc está apaixonado, ou cheio de tesão, ou os dois! Vc até sonha com o futuro, pensa como seria a vida de casado, se ia dar certo. Mas não deixa de torrar uma grana naquela viagem pra praia. Nem cogita sacrificar o futebol da semana pra ir com ela no shopping pegar um cinema. E se aquela amiga gostosa te jogar um charme, vc já tem quatro desculpas prontas pra poder pular a cerca sem levantar suspeitas. E principalmente, vc não vai se sentir culpado se um dia chegar pra ela e falar que não está dando certo e que é melhor vcs terminarem.
Então posso afirmar que a primeira diferença entre um solteiro e um separado é essa: a primeira coisa que um solteiro vê quando olha uma mulher é o ganho futuro, o separado vê a perda passada.
O tipo que eu estou falando é aquele que vc realmente se importa com a pessoa do seu lado no altar. Aquele tipo de casamento que vc faz planos junto com a esposa... pensa na futura casa, nos futuros filhos, plano de previdência, seguro saúde, o pacote todo.
Mesmo quando não tem altar. Quando vc decide ir morar junto, rachar as despesas, escolher o jogo de copos, fazer supermercado, brigar por conta do controle remoto, ficar com ciúme pq um ou outro decidiu tirar uma noite com os amigos. Aquela vontade de ficar na cama até mais tarde só pra ficar agarradinho. Ir no banheiro e deixar a porta aberta. Falar o que enche o saco, rir da mesma piada dez vezes seguidas. Brigar quando está com vontade de brigar, beijar quando está com vontade de beijar. Estou falando aqui de cumplicidade... de quando vc toma aquele imenso fôlego e decide que vc não é mais um e sim dois.
O que diferencia não é o papel passado, não é o estado civil. A diferença está quando vc se olha no espelho e vê um homem casado e feliz.
Quando vc namora, ou fica, ou tem um caso, o sentimento é outro. O envolvimento é outro. Vc está mais preocupado em aproveitar o momento, vc está apaixonado, ou cheio de tesão, ou os dois! Vc até sonha com o futuro, pensa como seria a vida de casado, se ia dar certo. Mas não deixa de torrar uma grana naquela viagem pra praia. Nem cogita sacrificar o futebol da semana pra ir com ela no shopping pegar um cinema. E se aquela amiga gostosa te jogar um charme, vc já tem quatro desculpas prontas pra poder pular a cerca sem levantar suspeitas. E principalmente, vc não vai se sentir culpado se um dia chegar pra ela e falar que não está dando certo e que é melhor vcs terminarem.
Então posso afirmar que a primeira diferença entre um solteiro e um separado é essa: a primeira coisa que um solteiro vê quando olha uma mulher é o ganho futuro, o separado vê a perda passada.
segunda-feira, 4 de junho de 2007
Separado é Solteiro?
Se vc chegou até aqui, ou me conhece, ou conhece muito bem a Web. Se é a segunda opção, vc não corre muito risco. Mas em todo caso, aí vai um aviso que devo repetir de tempos em tempos para que não haja mal entendido com perdidos que cansaram de procurar porn on-line:
Este blog não é para sonhadores! Se vc encontrou a mulher da sua vida, se vc está pensando em passar seu relacionamento para o próximo estágio, se vc está querendo tomar um jeito na vida, pare por aqui, esqueça essa url esquisita e vá navegar no site da Camicado (www.camicado.com.br) sonhando com sua futura (ou atual) vida à dois.
Este blog é para os desiludidos, os que viram o que há atrás do espelho, os que viraram estatística. Um relato da experiência novelística de ascensão e queda de uma história que de fantástica chegou a um clichê.
Ainda aqui? Então lá vai outro aviso:
Se vc está de bode, precisando encontrar alguém com a vida mais miserável que a sua, vá navegar no site do CVV (www.cvv.org.br). Não há nada de deprimente aqui, muito pelo contrário. Aqui vc vai perceber que tudo não passa de uma grande piada, e o palhaço é aquele que ainda não percebeu que é apenas mais um na avalanche de náufragos perdidos que se agarram com a esperança de que encontraram um porto seguro. E a piada? A piada é que estão todos nadando numa bacia d'água.
Mas e a pergunta? "Separado é solteiro"? Claro que não!
A explicação não é simples, então vamos aguardar o primeiro relato....
Este blog não é para sonhadores! Se vc encontrou a mulher da sua vida, se vc está pensando em passar seu relacionamento para o próximo estágio, se vc está querendo tomar um jeito na vida, pare por aqui, esqueça essa url esquisita e vá navegar no site da Camicado (www.camicado.com.br) sonhando com sua futura (ou atual) vida à dois.
Este blog é para os desiludidos, os que viram o que há atrás do espelho, os que viraram estatística. Um relato da experiência novelística de ascensão e queda de uma história que de fantástica chegou a um clichê.
Ainda aqui? Então lá vai outro aviso:
Se vc está de bode, precisando encontrar alguém com a vida mais miserável que a sua, vá navegar no site do CVV (www.cvv.org.br). Não há nada de deprimente aqui, muito pelo contrário. Aqui vc vai perceber que tudo não passa de uma grande piada, e o palhaço é aquele que ainda não percebeu que é apenas mais um na avalanche de náufragos perdidos que se agarram com a esperança de que encontraram um porto seguro. E a piada? A piada é que estão todos nadando numa bacia d'água.
Mas e a pergunta? "Separado é solteiro"? Claro que não!
A explicação não é simples, então vamos aguardar o primeiro relato....
Assinar:
Postagens (Atom)