sexta-feira, 29 de junho de 2007

Teoria da Relatividade

Eu suspeito que Einstein era um separado... talvez não de um casamento formal, mas certamente de um relacionamento com todas as alegrias e tristezas de um verdadeiro casamento. Só assim alguém pode perceber como o paradoxo reina nossas vidas e como tudo muda dependendo da perspectiva.

Veja só a questão do tempo. Einstein percebeu que o tempo, ao contrário do que todos os físicos casados ou solteiros pensavam, não é uma constante, não é imutável. O tempo é mais uma variável que pode mudar de acordo com a perspectiva do observador. Para um separado é fácil perceber essa variabilidade. Logo após tomar um pé na bunda, o conselho (ou consolo) número um que praticamente todo mundo vai dizer é: "o tempo cura todas as feridas", ou "dê tempo ao tempo", ou ainda "o tempo é o melhor remédio".

Claro que todos estão bem intencionados, e querem realmente te dar uma certa esperança de que as coisas vão melhorar. Mas como assim dar um tempo? Quanto tempo? Afinal, nós temos Internet, e-mail, blogs, RSS, notícia da última hora, celular, SMS... tudo para agora, tudo na hora... e eu tenho que esperar quanto tempo mesmo? Tempo é dinheiro, não dá pra ficar marcando touca... "the clock is ticking"... tic-tac tic-tac... Se eu tivesse tempo de sobra, ia assistir a terceira temporada de Lost...

Bom, mas se não tem jeito, vamos esperar o tempo passar. Mas aí começam as perguntas (que não passam de cobranças disfarçadas de perguntas): "você tá bem?", "já tá namorando?", "e aí? conheceu alguém especial?", "quer que eu te apresente umas amigas?", "você tem falado com a sua ex?". Err... isso quer dizer que o tempo já passou? Quanto tempo era mesmo?

Ver o tempo passar pode ser muito sufocante. Então o melhor é não ver o tempo passar. Mas daí o tempo passa assim mesmo e parece que você perdeu alguma coisa no meio do caminho. Como pode o tempo passar e eu ainda estar no mesmo lugar? É aí que Newton se deu mal, porque o Eistein percebeu que se você estiver se movendo numa velocidade suficientemente alta, o tempo não passa igual para quem está parado. Newton devia ser muito bem casado, porque parece que ficou no mesmo lugar.

Einstein deve ter percebido o princípio da relatividade observando um separado, ou seu próprio estado de separado. Um separado se sente exatamente assim: um sujeito andando numa velocidade suficientemente alta para não ver o tempo passar, e todo mundo parado em volta parece estar parado no mesmo lugar e acha que já deu tempo suficiente para você ter resolvido a sua vida, ter partido para outra, estar numa nice...

E no meio da correria às vezes você pára e olha o tempo... e é incrível perceber que algumas coisas não mudaram, como se o tempo realmente estivesse parado. E como todo mundo viu o tempo passar e você não, vem a preocupação de não estar aproveitando o seu tempo como o resto das pessoas acha que deveria... E os conselhos (ou consolos) continuam: "você tem que conhecer mais pessoas", "você está muito boêmio", "você tem que se divertir mais", "cuidado com os exageros"...

Mais complicado do que entender a Teoria da Relatividade, é entender como chegar num bom senso entre todos os conselhos que um separado recebe. E quanto tempo eu tinha mesmo? Hmm... melhor voltar a me mover numa velocidade suficientemente alta para ganhar mais um tempo.

Enfim, para um separado o tempo custa a passar, mas quando menos perceber, já são meses... e parece que não passou tempo nenhum. Caramba... eu devia ter assistido aquela temporada de Lost...

8 comentários:

Mariana disse...

No início da semana, li no jornal a seguinte frase, atribuída a Nelson Sargento: "a vida só é ruim para quem não sabe esperar". Milhões de questões sobre o tempo vieram (de novo) à minha mente de separada, e, sinceramente, o seu post é a descrição mais fiel do que venho sentindo em relação ao tema.

Beto disse...

Oi Mariana...

Essa frase do Nelson Sargento me parece um tanto paradoxal. Por um lado concordo que precisamos saber esperar, afinal a vida acaba sendo uma seqüência de esperas por alguma coisa.

Mas por outro lado, imaginar que você está sempre esperando por alguma coisa deixa a sensação de que você está apenas vendo o tempo passar ao invés de viver este tempo.

Então como lidar com a espera? Sentar pacientemente aguardando alguma coisa acontecer para te tirar dessa letargia? Ou se rebelar contra a espera e sair à caça do que quer que seja que você está esperando? E realmente sabemos o que estamos esperando?

Mariana disse...

Tantas perguntas e nenhuma resposta...
Racionalmente, acho que devemos buscar sem desesperar, sabendo às vezes esperar, controlar a ansiedade e lidar de forma serena com as cobranças - as nossas e as alheias. Mas, olha, NUNCA consigo fazer nada disso!! Rsrs.

Beto disse...

Pra esse tipo de pergunta 25 garrafas de Original não serão suficientes... rsrsrs

Driblar as cobranças alheias é fácil... é só devolver a patada. O problema é lidar com a própria.

Quanto à ansiedade, essa aí não tem jeito mesmo. Eu também falhei miseravelmente em todas as minhas tentativas de controlar a danada.

Quem sabe quando estiver mais perto dos 70. rsrsrs...

Mila Aranha disse...

Quando a gente acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas!

Olá, cheguei aqui atráves do Blog da Mari (A outra casa)!
Muito prazer!

Beto disse...

Oi Mila.

Seja bem-vinda!! O prazer é todo meu... rsrsrs

Simone Iwasso disse...

Meu caro, como uma boa moça que também levou há meses um belo pé na bunda, só posso te parabenizar pelo blog. Não tenh conselho, fórmula mágica, nem uma super leitura pra te recomendar. Tempo é tempo e a gente continua nele. Só sei disso. Se vc descobrir alguma coisa melhor, me conta!

Beto disse...

Oi Simone!

Conselho a gente já recebe mais do que devia. Formula mágica não funciona nem em filme do Harry Potter.

Mas se eu descobrir alguma coisa melhor... vou faturar uma grana em livro de auto-ajuda! rsrsrs... (mas eu divido o segredo com vcs).