Eu suspeito que Einstein era um separado... talvez não de um casamento formal, mas certamente de um relacionamento com todas as alegrias e tristezas de um verdadeiro casamento. Só assim alguém pode perceber como o paradoxo reina nossas vidas e como tudo muda dependendo da perspectiva.
Veja só a questão do tempo. Einstein percebeu que o tempo, ao contrário do que todos os físicos casados ou solteiros pensavam, não é uma constante, não é imutável. O tempo é mais uma variável que pode mudar de acordo com a perspectiva do observador. Para um separado é fácil perceber essa variabilidade. Logo após tomar um pé na bunda, o conselho (ou consolo) número um que praticamente todo mundo vai dizer é: "o tempo cura todas as feridas", ou "dê tempo ao tempo", ou ainda "o tempo é o melhor remédio".
Claro que todos estão bem intencionados, e querem realmente te dar uma certa esperança de que as coisas vão melhorar. Mas como assim dar um tempo? Quanto tempo? Afinal, nós temos Internet, e-mail, blogs, RSS, notícia da última hora, celular, SMS... tudo para agora, tudo na hora... e eu tenho que esperar quanto tempo mesmo? Tempo é dinheiro, não dá pra ficar marcando touca... "the clock is ticking"... tic-tac tic-tac... Se eu tivesse tempo de sobra, ia assistir a terceira temporada de Lost...
Bom, mas se não tem jeito, vamos esperar o tempo passar. Mas aí começam as perguntas (que não passam de cobranças disfarçadas de perguntas): "você tá bem?", "já tá namorando?", "e aí? conheceu alguém especial?", "quer que eu te apresente umas amigas?", "você tem falado com a sua ex?". Err... isso quer dizer que o tempo já passou? Quanto tempo era mesmo?
Ver o tempo passar pode ser muito sufocante. Então o melhor é não ver o tempo passar. Mas daí o tempo passa assim mesmo e parece que você perdeu alguma coisa no meio do caminho. Como pode o tempo passar e eu ainda estar no mesmo lugar? É aí que Newton se deu mal, porque o Eistein percebeu que se você estiver se movendo numa velocidade suficientemente alta, o tempo não passa igual para quem está parado. Newton devia ser muito bem casado, porque parece que ficou no mesmo lugar.
Einstein deve ter percebido o princípio da relatividade observando um separado, ou seu próprio estado de separado. Um separado se sente exatamente assim: um sujeito andando numa velocidade suficientemente alta para não ver o tempo passar, e todo mundo parado em volta parece estar parado no mesmo lugar e acha que já deu tempo suficiente para você ter resolvido a sua vida, ter partido para outra, estar numa nice...
E no meio da correria às vezes você pára e olha o tempo... e é incrível perceber que algumas coisas não mudaram, como se o tempo realmente estivesse parado. E como todo mundo viu o tempo passar e você não, vem a preocupação de não estar aproveitando o seu tempo como o resto das pessoas acha que deveria... E os conselhos (ou consolos) continuam: "você tem que conhecer mais pessoas", "você está muito boêmio", "você tem que se divertir mais", "cuidado com os exageros"...
Mais complicado do que entender a Teoria da Relatividade, é entender como chegar num bom senso entre todos os conselhos que um separado recebe. E quanto tempo eu tinha mesmo? Hmm... melhor voltar a me mover numa velocidade suficientemente alta para ganhar mais um tempo.
Enfim, para um separado o tempo custa a passar, mas quando menos perceber, já são meses... e parece que não passou tempo nenhum. Caramba... eu devia ter assistido aquela temporada de Lost...
sexta-feira, 29 de junho de 2007
quarta-feira, 20 de junho de 2007
O outro lado da moeda
Resolvi fazer um agrado para as leitoras deste blog (sim é verdade... tive leitoras passando por aqui!). Para provar que sou totalmente imparcial na minha análise da vida de separado, vou tentar passar a experiência de uma mulher que resolveu se separar, isto é, dar um pé na bunda do cara.
Calma... calma... nada de falar da minha ex aqui! Ética antes de mais nada. O que acontece é que eu tive a feliz coincidência de conversar com uma grande amiga que estava toda insegura porque queria terminar o namoro-casamento de 9 anos mas não tinha coragem. Daí para infelicidade do pobre rapaz, ela resolveu me contar a história e perguntou o que eu achava. Então vamos ao cenário:
Estamos falando do típico casamento. Relacionamento bem estável, com algumas brigas superadas e uma ou outra separação temporária no meio do caminho é verdade, mas sempre voltaram a ficar juntos. Amigos em comum, apoio da família... todo mundo torcendo pra sair casamento oficial. E o ponto crucial: os dois são grandes amigos. Mas daí veio "a dúvida".
Eu acho que "a dúvida" vem mais cedo ou mais tarde na cabeça de toda mulher que está em um relacionamento sério. Sabe quando você acabou de sair de casa e de repente bate uma insegurança se você lembrou de trancar a porta de casa? Você tem certeza de que trancou, que é bobagem se dar o trabalho de voltar pra verificar. Mas daí fica aquela sensaçãozinha chata de que talvez, só talvez, você esqueceu e quando voltar pra casa no fim do dia vai se arrepender de não ter voltado pra checar. Pois é, "a dúvida" é a mesma coisa, só que em vez de se perguntar se a porta está trancada, você se pergunta se está apaixonada pela porta do seu marido.
Voltando à história, ela chegou na "dúvida". E fez o que toda a mulher faz quando está em dúvida ou insatisfeita com alguma coisa: dá pequenos sinais e dicas de que não está legal. Obviamente não funcionou. Uma coisa que as mulheres teimam em fazer, é pensar que um homem vai responder a um "simancol" como uma mulher. Mulheres, entendam: homens são como crianças de 5 anos de idade. Não é a cara feia da professora que vai fazê-lo entender que não pode botar fogo na carteira. Não adianta ficar chamado a atenção discretamente esperando que ele entenda e tome a atitude que vocês esperam que ele tome.
E mesmo que estivéssemos falando de um cara super sensível, atencioso e completamente devotado (o que é uma fantasia, a não ser talvez num relacionamento homossexual) e ele perceber os sinais, ele vai reagir como todo homem reage numa situação dessas: vai fingir que não está acontecendo nada e esperar o pior passar.
Eu sei que pode parecer difícil de entender tanto para os homens quanto para as mulheres, mas tudo pode ser explicado pela biologia. A mulher é por natureza uma constante mudança. Puxa vida, é uma montanha russa de hormônios subindo e descendo, subindo e descendo, o tempo todo! Uma verdadeira novela das oito de emoções condensada em 28 dias. É claro que a mulher vai ter dúvidas sobre qualquer coisa, ela não sabe nem se vai estar de bom humor amanhã!!! Enfim, tudo pode estar perfeito na vida de uma mulher, mas mais cedo ou mais tarde, ela vai achar que tem alguma coisa errada.
Já o homem não tem nada disso. É uma única e verdadeira constante durante toda a sua vida: espalhe o seu código genético. A única variabilidade é que alguns homens ficam solteiros e espalham o código por aí à esmo o resto da vida, enquanto outros se casam e espalham o código num lugar só por um determinado período de tempo e depois voltam a espalhar à esmo (por favor usem camisinha!). Sempre que um homem encontra um problema, ele vai fingir que não é com ele na esperança de que vai passar, ou que alguém vai resolver pra ele. Querem maior exemplo do que a política do "eu não sei de nada" do nosso querido presidente?
Mas voltando à história, ela ficou dando os sinais e ele ficou ignorando. E ela foi ficando cada vez mais frustrada, e ele continuou ignorando. Aí ela conversou com um separado triturador de almas que falou o seguinte: "Você é uma sacana! Está aí enrolando o pobre coitado. O cara tá apaixonado, morrendo de medo de te perder e você fica aí dando voltinhas com a cabeça dele. Vai lá e acaba com essa agonia de vez." Obviamente ela achou isso um absurdo: "Ah mas eu não quero magoar ele. Eu gosto muito dele!"... (Alguém já leu isso antes por aqui?)
O triturador de almas falou pra ela: "Se você gosta tanto dele, fica com ele, ué? Quer separar porquê?"... E a resposta foi uma bomba! Ai de vocês mulheres se algum dia falarem isso em voz alta perto do futuro ex... Ai de vocês homens se não encherem a cara da mulher de bolacha se ouvirem isso alguma vez... A resposta dela, dita quase com vergonha (e tem que ficar com vergonha mesmo), foi: "Mas é que eu gosto dele como um irmão..."
Empatia é uma coisa complicada. Não pude deixar de tomar as dores do irmão... quero dizer, do marido. Apesar de toda a pressão social, virar irmão da esposa é pior do que ser corno. Claro que ser traído magoa muito, mas quando a separação é porque apareceu um outra pessoa, você tem uma razão óbvia do porque acabou. Simplesmente apareceu alguém que mexeu com ela. Agora dizer que a relação acabou porque você, do nada, virou um irmão para ela... isso sim é motivo para anos de terapia.
Minha reação na hora da resposta foi tão evidente que acho que foi exatamente nesse momento que ela finalmente tomou a decisão de descer o machado. E não deu nem um mês e mais um separado, sem nem imaginar como as coisas puderam chegaram naquele ponto, foi solto no mundo.
Seja bem-vindo irmão....!!!!
quero dizer, separado.
Calma... calma... nada de falar da minha ex aqui! Ética antes de mais nada. O que acontece é que eu tive a feliz coincidência de conversar com uma grande amiga que estava toda insegura porque queria terminar o namoro-casamento de 9 anos mas não tinha coragem. Daí para infelicidade do pobre rapaz, ela resolveu me contar a história e perguntou o que eu achava. Então vamos ao cenário:
Estamos falando do típico casamento. Relacionamento bem estável, com algumas brigas superadas e uma ou outra separação temporária no meio do caminho é verdade, mas sempre voltaram a ficar juntos. Amigos em comum, apoio da família... todo mundo torcendo pra sair casamento oficial. E o ponto crucial: os dois são grandes amigos. Mas daí veio "a dúvida".
Eu acho que "a dúvida" vem mais cedo ou mais tarde na cabeça de toda mulher que está em um relacionamento sério. Sabe quando você acabou de sair de casa e de repente bate uma insegurança se você lembrou de trancar a porta de casa? Você tem certeza de que trancou, que é bobagem se dar o trabalho de voltar pra verificar. Mas daí fica aquela sensaçãozinha chata de que talvez, só talvez, você esqueceu e quando voltar pra casa no fim do dia vai se arrepender de não ter voltado pra checar. Pois é, "a dúvida" é a mesma coisa, só que em vez de se perguntar se a porta está trancada, você se pergunta se está apaixonada pela porta do seu marido.
Voltando à história, ela chegou na "dúvida". E fez o que toda a mulher faz quando está em dúvida ou insatisfeita com alguma coisa: dá pequenos sinais e dicas de que não está legal. Obviamente não funcionou. Uma coisa que as mulheres teimam em fazer, é pensar que um homem vai responder a um "simancol" como uma mulher. Mulheres, entendam: homens são como crianças de 5 anos de idade. Não é a cara feia da professora que vai fazê-lo entender que não pode botar fogo na carteira. Não adianta ficar chamado a atenção discretamente esperando que ele entenda e tome a atitude que vocês esperam que ele tome.
E mesmo que estivéssemos falando de um cara super sensível, atencioso e completamente devotado (o que é uma fantasia, a não ser talvez num relacionamento homossexual) e ele perceber os sinais, ele vai reagir como todo homem reage numa situação dessas: vai fingir que não está acontecendo nada e esperar o pior passar.
Eu sei que pode parecer difícil de entender tanto para os homens quanto para as mulheres, mas tudo pode ser explicado pela biologia. A mulher é por natureza uma constante mudança. Puxa vida, é uma montanha russa de hormônios subindo e descendo, subindo e descendo, o tempo todo! Uma verdadeira novela das oito de emoções condensada em 28 dias. É claro que a mulher vai ter dúvidas sobre qualquer coisa, ela não sabe nem se vai estar de bom humor amanhã!!! Enfim, tudo pode estar perfeito na vida de uma mulher, mas mais cedo ou mais tarde, ela vai achar que tem alguma coisa errada.
Já o homem não tem nada disso. É uma única e verdadeira constante durante toda a sua vida: espalhe o seu código genético. A única variabilidade é que alguns homens ficam solteiros e espalham o código por aí à esmo o resto da vida, enquanto outros se casam e espalham o código num lugar só por um determinado período de tempo e depois voltam a espalhar à esmo (por favor usem camisinha!). Sempre que um homem encontra um problema, ele vai fingir que não é com ele na esperança de que vai passar, ou que alguém vai resolver pra ele. Querem maior exemplo do que a política do "eu não sei de nada" do nosso querido presidente?
Mas voltando à história, ela ficou dando os sinais e ele ficou ignorando. E ela foi ficando cada vez mais frustrada, e ele continuou ignorando. Aí ela conversou com um separado triturador de almas que falou o seguinte: "Você é uma sacana! Está aí enrolando o pobre coitado. O cara tá apaixonado, morrendo de medo de te perder e você fica aí dando voltinhas com a cabeça dele. Vai lá e acaba com essa agonia de vez." Obviamente ela achou isso um absurdo: "Ah mas eu não quero magoar ele. Eu gosto muito dele!"... (Alguém já leu isso antes por aqui?)
O triturador de almas falou pra ela: "Se você gosta tanto dele, fica com ele, ué? Quer separar porquê?"... E a resposta foi uma bomba! Ai de vocês mulheres se algum dia falarem isso em voz alta perto do futuro ex... Ai de vocês homens se não encherem a cara da mulher de bolacha se ouvirem isso alguma vez... A resposta dela, dita quase com vergonha (e tem que ficar com vergonha mesmo), foi: "Mas é que eu gosto dele como um irmão..."
Empatia é uma coisa complicada. Não pude deixar de tomar as dores do irmão... quero dizer, do marido. Apesar de toda a pressão social, virar irmão da esposa é pior do que ser corno. Claro que ser traído magoa muito, mas quando a separação é porque apareceu um outra pessoa, você tem uma razão óbvia do porque acabou. Simplesmente apareceu alguém que mexeu com ela. Agora dizer que a relação acabou porque você, do nada, virou um irmão para ela... isso sim é motivo para anos de terapia.
Minha reação na hora da resposta foi tão evidente que acho que foi exatamente nesse momento que ela finalmente tomou a decisão de descer o machado. E não deu nem um mês e mais um separado, sem nem imaginar como as coisas puderam chegaram naquele ponto, foi solto no mundo.
Seja bem-vindo irmão....!!!!
quero dizer, separado.
sexta-feira, 15 de junho de 2007
O tal do pé na bunda...
Acho que a melhor forma de diferenciar solteiros de separados é justamente uma coisa que um tem e o outro não: o pé na bunda.
Não se engane... todo casamento termina com um pé na bunda! Exceto aqueles que terminam com o pé na cova, mas daí vc não tem mais um separado, e sim um viúvo ou (espero para seu bem que não) um presunto.... Mas vamos nos ater ao tópico em questão: todo casamento termina... e termina com um pé na bunda.
A separação consensual é justamente aquela em que um dá o pé na bunda e o outro consente em tomar o coice. Já a separação litigiosa é aquela em que um dá o pé na bunda e o outro quer ficar com a bota de lembrança, ou serrar o pé fora por pura desforra.
Embora eu adore a palavra, para o texto não ficar massante e eu não ficar repetindo bunda o tempo inteiro, vou dar um nome mais científico para pé na dita cuja. Vou chamar de "o ocorrido". Pois então, o ocorrido pode ser dado ou recebido, mas sempre chega.
E embora muitos digam que foram pegos de surpresa, que nunca esperavam isso e que não entendem como as coisas chegaram nesse ponto, basta dar um passo para trás e olhar os últimos eventos que você vai perceber que o ocorrido não vem sem milhares... (vou até escrever em caps) MILHARES de avisos.
Os sinais são sistematicamente claros, mas quando somos a futura vítima do ocorrido, escolhemos consciente ou inconscientemente desviar nossa atenção achando que tudo de estranho na relação é por conta de algum outro motivo. As coisas estão estranhas pq o trabalho tá pegando pesado... a gente precisa de férias... a mãe dele não dá sossego... isso é crise de ciúme... TPM!... é só uma fase ruim...
Ah... o início do fim... se um casado soubesse o que o espera iria visualizar, como num animê barato, aquela "butina" gigantesca vindo implacavelmente em câmera lenta, dirigindo-se diretamente para sua desavisada retaguarda...
Mas a realidade é muito dura para ser encarada assim de frente. Já percebeu o quanto é providencial a metáfora do pé na parte que senta primeiro? Justamente para onde vc não está olhando. Quem vive em um casamento já está muito ocupado evitando a realidade e insistindo no sonho do amor eterno.
Outra coincidência providencial da metáfora é o desconforto do ocorrido. Pra quem leva isso é muito óbvio, mas para quem dá o pontapé também não é a melhor das situações. Se era um relacionamento sincero, cúmplice e apaixonado, o dono do coturno também não gosta da idéia e tenta (realmente tenta) fazê-lo da forma mais indolor possível. O que obviamente deixa tudo muito pior, mas imagino que se não fosse assim não seria tão trágico e nem tão cômico.
Cômico sim! Imagine um carrasco com medo de machucar o condenado prestes a perder a cabeça. O pobre coitado lá ajoelhado com a cabeça apoiada num toco de madeira, braços atados às costas, apavorado com o que está pra acontecer. Daí o carrasco, com o machado na mão, vira pra ele e diz: "Olha, eu não quero te magoar, você é muito importante pra mim. Vivemos momentos maravilhosos, mas as coisas não estão mais funcionando entre nós. Eu queria que fosse diferente, eu ainda gosto muito de você, mas vou ter que cortar sua cabeça assim mesmo". E pra piorar ainda dá uns golpes incertos só pra te deixar na dúvida se é mesmo a sua cabeça que ele quer cortar... O Mel Gibson deveria ter usado um diálogo assim no final do Coração Valente (não quando o Wallace é torturado, mas quando decide dar um fora na princesa francesa).
Mas nós que tomamos a bifa temos que dar um desconto. Afinal se fôssemos nós do outro lado da bota, acho que iríamos fazer exatamente o mesmo. Talvez seja por isso que algumas mulheres (pra não dizer todas) têm uma queda por canalhas... a facilidade de dar e receber um pé na bunda bem justificado. Mas daí nem é um pé na bunda... já caímos de volta no mundo do solteiro.
Esse nem sabe o que é um bom pé nas nádegas. Muitos iriam discordar dizendo com o peito cheio: "Já levei um pé na bunda sim!!!"... Ah, meu amigo solteiro... você está em outra escala. Você já imagina que isso ia acontecer desde o primeiro momento. Já estava tão preparado pra isso, que até já tinha o discurso pronto pra dar o fora antes de tomar na cara... quero dizer, na bucha. E também garanto que já tinha até o plano de contingência caso fosse pego de surpresa (ou duas ou três contingências já pré agendadas pro próximo fim de semana). Conclusão, o pé na bunda de um solteiro é praticamente um alvará de soltura! É o alívio que todo o solteiro anseia quando o namoro começa a ficar com cara de casamento.
Enfim, o pé na bunda é inevitável, machuca pacas e provavelmente você vai levar mais de um na sua vida... então já deixa o gelol no jeito.
Não se engane... todo casamento termina com um pé na bunda! Exceto aqueles que terminam com o pé na cova, mas daí vc não tem mais um separado, e sim um viúvo ou (espero para seu bem que não) um presunto.... Mas vamos nos ater ao tópico em questão: todo casamento termina... e termina com um pé na bunda.
A separação consensual é justamente aquela em que um dá o pé na bunda e o outro consente em tomar o coice. Já a separação litigiosa é aquela em que um dá o pé na bunda e o outro quer ficar com a bota de lembrança, ou serrar o pé fora por pura desforra.
Embora eu adore a palavra, para o texto não ficar massante e eu não ficar repetindo bunda o tempo inteiro, vou dar um nome mais científico para pé na dita cuja. Vou chamar de "o ocorrido". Pois então, o ocorrido pode ser dado ou recebido, mas sempre chega.
E embora muitos digam que foram pegos de surpresa, que nunca esperavam isso e que não entendem como as coisas chegaram nesse ponto, basta dar um passo para trás e olhar os últimos eventos que você vai perceber que o ocorrido não vem sem milhares... (vou até escrever em caps) MILHARES de avisos.
Os sinais são sistematicamente claros, mas quando somos a futura vítima do ocorrido, escolhemos consciente ou inconscientemente desviar nossa atenção achando que tudo de estranho na relação é por conta de algum outro motivo. As coisas estão estranhas pq o trabalho tá pegando pesado... a gente precisa de férias... a mãe dele não dá sossego... isso é crise de ciúme... TPM!... é só uma fase ruim...
Ah... o início do fim... se um casado soubesse o que o espera iria visualizar, como num animê barato, aquela "butina" gigantesca vindo implacavelmente em câmera lenta, dirigindo-se diretamente para sua desavisada retaguarda...
Mas a realidade é muito dura para ser encarada assim de frente. Já percebeu o quanto é providencial a metáfora do pé na parte que senta primeiro? Justamente para onde vc não está olhando. Quem vive em um casamento já está muito ocupado evitando a realidade e insistindo no sonho do amor eterno.
Outra coincidência providencial da metáfora é o desconforto do ocorrido. Pra quem leva isso é muito óbvio, mas para quem dá o pontapé também não é a melhor das situações. Se era um relacionamento sincero, cúmplice e apaixonado, o dono do coturno também não gosta da idéia e tenta (realmente tenta) fazê-lo da forma mais indolor possível. O que obviamente deixa tudo muito pior, mas imagino que se não fosse assim não seria tão trágico e nem tão cômico.
Cômico sim! Imagine um carrasco com medo de machucar o condenado prestes a perder a cabeça. O pobre coitado lá ajoelhado com a cabeça apoiada num toco de madeira, braços atados às costas, apavorado com o que está pra acontecer. Daí o carrasco, com o machado na mão, vira pra ele e diz: "Olha, eu não quero te magoar, você é muito importante pra mim. Vivemos momentos maravilhosos, mas as coisas não estão mais funcionando entre nós. Eu queria que fosse diferente, eu ainda gosto muito de você, mas vou ter que cortar sua cabeça assim mesmo". E pra piorar ainda dá uns golpes incertos só pra te deixar na dúvida se é mesmo a sua cabeça que ele quer cortar... O Mel Gibson deveria ter usado um diálogo assim no final do Coração Valente (não quando o Wallace é torturado, mas quando decide dar um fora na princesa francesa).
Mas nós que tomamos a bifa temos que dar um desconto. Afinal se fôssemos nós do outro lado da bota, acho que iríamos fazer exatamente o mesmo. Talvez seja por isso que algumas mulheres (pra não dizer todas) têm uma queda por canalhas... a facilidade de dar e receber um pé na bunda bem justificado. Mas daí nem é um pé na bunda... já caímos de volta no mundo do solteiro.
Esse nem sabe o que é um bom pé nas nádegas. Muitos iriam discordar dizendo com o peito cheio: "Já levei um pé na bunda sim!!!"... Ah, meu amigo solteiro... você está em outra escala. Você já imagina que isso ia acontecer desde o primeiro momento. Já estava tão preparado pra isso, que até já tinha o discurso pronto pra dar o fora antes de tomar na cara... quero dizer, na bucha. E também garanto que já tinha até o plano de contingência caso fosse pego de surpresa (ou duas ou três contingências já pré agendadas pro próximo fim de semana). Conclusão, o pé na bunda de um solteiro é praticamente um alvará de soltura! É o alívio que todo o solteiro anseia quando o namoro começa a ficar com cara de casamento.
Enfim, o pé na bunda é inevitável, machuca pacas e provavelmente você vai levar mais de um na sua vida... então já deixa o gelol no jeito.
terça-feira, 12 de junho de 2007
Dia dos Namorados?... Que nada, o dia é dos Separados!
O que um separado faz no dia dos namorados?
Uma excelente pergunta... Primeiro ele trabalha, afinal dia dos namorados raramente cai em final de semana, e se cair, é óbvio que o separado vai pra balada... ou melhor... vai pra batalha.
Segundo, ele economiza uma grana. Afinal, pra quê comprar presente de dia dos namorados se nem namorada ele tem. Ahá!!! Outra diferença essencial entre o separado e o solteiro: o solteiro pode arranjar uma namorada de uma hora pra outra... já o separado não arranja uma namorada, ele arranja um encontro, uma amante, um caso.
A diferença está em como um ou outro encara o compromisso. Essa palavrinha grande é mais uma divisor de águas no universo masculino. O solteiro é por definição óbvia um "espírito livre", isto é, o compromisso vem e vai com uma facilidade gigantesca. O solteiro se apaixona loucamente em poucos segundos e basta um belo par de pernas (ou qualquer outro atributo feminino) para mudar sua filosofia de vida de uma hora para outra.
Essa volatilidade inicialmente paradoxal com o compromisso é o que permite ao solteiro se entregar de corpo e alma em um relacionamento, realmente começar um namoro. E se o namoro evoluir (e provavelmente vai, já que até um pokemon evolui) vai se tornar uma grande paixão, que vai se tornar um grande amor, até que enfim vai atingir o ápice e virar um pé na bunda...
O separado sabe melhor... já está escaldado, sabe onde a estrada termina. O que vc, caro leitor, precisa entender é que o separado já viveu a experiência do compromisso, e sabe melhor que ninguém que namoro nada mais é que o princípio do fim. Então, não se iluda, o separado não namora.
Mas calma lá... não é que o separado não seja romântico, muito pelo contrário! O separado é muito mais romântico que o solteiro. Justamente porque enquanto o solteiro está envolto em sua viagem apaixonada e se derrete todo no dia dos namorados, o separado está muito mais sóbrio e sabe que a melhor tática é armar uma emboscada e surpreender a vítima quando ela menos espera.
Pense nas melhores histórias que vc já leu ou já ouviu alguém contar de escapadelas românticas, seja no dia dos namorados, dia dos amantes, ou naquela terça-feira preguiçosa... é sempre de sobre um sujeito que, se não foi casado, já teve um (ou mais) grande amor na vida. O romantismo dessas histórias é a ilusão friamente articulada de um separado para convencer a parceira de que o que eles têm é muito mais que um namoro... é uma cumplicidade deliciosamente pecaminosa que jamais vai ter o mesmo tesão se estiver restrita a um compromisso.
Pode soar canalhice, mas quem é mais canalha? O que diz que ama para a namorada da semana, ou o que ama descompromissadamente?
Então o que o separado faz no dia dos namorados?... Ele relaxa escutando um bom som, degustando um bom vinho, saboreando uma bela refeição, e pensa com carinho qual será a próxima surpresa romântica que vai armar para alguma felizarda desavisada... (afinal, sobrou aquela graninha que ele não torrou com um jantarzinho padrão de dia dos namorados).
Viva o Dia dos Separados!
Uma excelente pergunta... Primeiro ele trabalha, afinal dia dos namorados raramente cai em final de semana, e se cair, é óbvio que o separado vai pra balada... ou melhor... vai pra batalha.
Segundo, ele economiza uma grana. Afinal, pra quê comprar presente de dia dos namorados se nem namorada ele tem. Ahá!!! Outra diferença essencial entre o separado e o solteiro: o solteiro pode arranjar uma namorada de uma hora pra outra... já o separado não arranja uma namorada, ele arranja um encontro, uma amante, um caso.
A diferença está em como um ou outro encara o compromisso. Essa palavrinha grande é mais uma divisor de águas no universo masculino. O solteiro é por definição óbvia um "espírito livre", isto é, o compromisso vem e vai com uma facilidade gigantesca. O solteiro se apaixona loucamente em poucos segundos e basta um belo par de pernas (ou qualquer outro atributo feminino) para mudar sua filosofia de vida de uma hora para outra.
Essa volatilidade inicialmente paradoxal com o compromisso é o que permite ao solteiro se entregar de corpo e alma em um relacionamento, realmente começar um namoro. E se o namoro evoluir (e provavelmente vai, já que até um pokemon evolui) vai se tornar uma grande paixão, que vai se tornar um grande amor, até que enfim vai atingir o ápice e virar um pé na bunda...
O separado sabe melhor... já está escaldado, sabe onde a estrada termina. O que vc, caro leitor, precisa entender é que o separado já viveu a experiência do compromisso, e sabe melhor que ninguém que namoro nada mais é que o princípio do fim. Então, não se iluda, o separado não namora.
Mas calma lá... não é que o separado não seja romântico, muito pelo contrário! O separado é muito mais romântico que o solteiro. Justamente porque enquanto o solteiro está envolto em sua viagem apaixonada e se derrete todo no dia dos namorados, o separado está muito mais sóbrio e sabe que a melhor tática é armar uma emboscada e surpreender a vítima quando ela menos espera.
Pense nas melhores histórias que vc já leu ou já ouviu alguém contar de escapadelas românticas, seja no dia dos namorados, dia dos amantes, ou naquela terça-feira preguiçosa... é sempre de sobre um sujeito que, se não foi casado, já teve um (ou mais) grande amor na vida. O romantismo dessas histórias é a ilusão friamente articulada de um separado para convencer a parceira de que o que eles têm é muito mais que um namoro... é uma cumplicidade deliciosamente pecaminosa que jamais vai ter o mesmo tesão se estiver restrita a um compromisso.
Pode soar canalhice, mas quem é mais canalha? O que diz que ama para a namorada da semana, ou o que ama descompromissadamente?
Então o que o separado faz no dia dos namorados?... Ele relaxa escutando um bom som, degustando um bom vinho, saboreando uma bela refeição, e pensa com carinho qual será a próxima surpresa romântica que vai armar para alguma felizarda desavisada... (afinal, sobrou aquela graninha que ele não torrou com um jantarzinho padrão de dia dos namorados).
Viva o Dia dos Separados!
terça-feira, 5 de junho de 2007
Definições básicas
Antes de mais nada deixe eu detalhar melhor que tipo de relacionamento estou tratando aqui. Afinal, todo mundo sabe que existem casamentos e casamentos.
O tipo que eu estou falando é aquele que vc realmente se importa com a pessoa do seu lado no altar. Aquele tipo de casamento que vc faz planos junto com a esposa... pensa na futura casa, nos futuros filhos, plano de previdência, seguro saúde, o pacote todo.
Mesmo quando não tem altar. Quando vc decide ir morar junto, rachar as despesas, escolher o jogo de copos, fazer supermercado, brigar por conta do controle remoto, ficar com ciúme pq um ou outro decidiu tirar uma noite com os amigos. Aquela vontade de ficar na cama até mais tarde só pra ficar agarradinho. Ir no banheiro e deixar a porta aberta. Falar o que enche o saco, rir da mesma piada dez vezes seguidas. Brigar quando está com vontade de brigar, beijar quando está com vontade de beijar. Estou falando aqui de cumplicidade... de quando vc toma aquele imenso fôlego e decide que vc não é mais um e sim dois.
O que diferencia não é o papel passado, não é o estado civil. A diferença está quando vc se olha no espelho e vê um homem casado e feliz.
Quando vc namora, ou fica, ou tem um caso, o sentimento é outro. O envolvimento é outro. Vc está mais preocupado em aproveitar o momento, vc está apaixonado, ou cheio de tesão, ou os dois! Vc até sonha com o futuro, pensa como seria a vida de casado, se ia dar certo. Mas não deixa de torrar uma grana naquela viagem pra praia. Nem cogita sacrificar o futebol da semana pra ir com ela no shopping pegar um cinema. E se aquela amiga gostosa te jogar um charme, vc já tem quatro desculpas prontas pra poder pular a cerca sem levantar suspeitas. E principalmente, vc não vai se sentir culpado se um dia chegar pra ela e falar que não está dando certo e que é melhor vcs terminarem.
Então posso afirmar que a primeira diferença entre um solteiro e um separado é essa: a primeira coisa que um solteiro vê quando olha uma mulher é o ganho futuro, o separado vê a perda passada.
O tipo que eu estou falando é aquele que vc realmente se importa com a pessoa do seu lado no altar. Aquele tipo de casamento que vc faz planos junto com a esposa... pensa na futura casa, nos futuros filhos, plano de previdência, seguro saúde, o pacote todo.
Mesmo quando não tem altar. Quando vc decide ir morar junto, rachar as despesas, escolher o jogo de copos, fazer supermercado, brigar por conta do controle remoto, ficar com ciúme pq um ou outro decidiu tirar uma noite com os amigos. Aquela vontade de ficar na cama até mais tarde só pra ficar agarradinho. Ir no banheiro e deixar a porta aberta. Falar o que enche o saco, rir da mesma piada dez vezes seguidas. Brigar quando está com vontade de brigar, beijar quando está com vontade de beijar. Estou falando aqui de cumplicidade... de quando vc toma aquele imenso fôlego e decide que vc não é mais um e sim dois.
O que diferencia não é o papel passado, não é o estado civil. A diferença está quando vc se olha no espelho e vê um homem casado e feliz.
Quando vc namora, ou fica, ou tem um caso, o sentimento é outro. O envolvimento é outro. Vc está mais preocupado em aproveitar o momento, vc está apaixonado, ou cheio de tesão, ou os dois! Vc até sonha com o futuro, pensa como seria a vida de casado, se ia dar certo. Mas não deixa de torrar uma grana naquela viagem pra praia. Nem cogita sacrificar o futebol da semana pra ir com ela no shopping pegar um cinema. E se aquela amiga gostosa te jogar um charme, vc já tem quatro desculpas prontas pra poder pular a cerca sem levantar suspeitas. E principalmente, vc não vai se sentir culpado se um dia chegar pra ela e falar que não está dando certo e que é melhor vcs terminarem.
Então posso afirmar que a primeira diferença entre um solteiro e um separado é essa: a primeira coisa que um solteiro vê quando olha uma mulher é o ganho futuro, o separado vê a perda passada.
segunda-feira, 4 de junho de 2007
Separado é Solteiro?
Se vc chegou até aqui, ou me conhece, ou conhece muito bem a Web. Se é a segunda opção, vc não corre muito risco. Mas em todo caso, aí vai um aviso que devo repetir de tempos em tempos para que não haja mal entendido com perdidos que cansaram de procurar porn on-line:
Este blog não é para sonhadores! Se vc encontrou a mulher da sua vida, se vc está pensando em passar seu relacionamento para o próximo estágio, se vc está querendo tomar um jeito na vida, pare por aqui, esqueça essa url esquisita e vá navegar no site da Camicado (www.camicado.com.br) sonhando com sua futura (ou atual) vida à dois.
Este blog é para os desiludidos, os que viram o que há atrás do espelho, os que viraram estatística. Um relato da experiência novelística de ascensão e queda de uma história que de fantástica chegou a um clichê.
Ainda aqui? Então lá vai outro aviso:
Se vc está de bode, precisando encontrar alguém com a vida mais miserável que a sua, vá navegar no site do CVV (www.cvv.org.br). Não há nada de deprimente aqui, muito pelo contrário. Aqui vc vai perceber que tudo não passa de uma grande piada, e o palhaço é aquele que ainda não percebeu que é apenas mais um na avalanche de náufragos perdidos que se agarram com a esperança de que encontraram um porto seguro. E a piada? A piada é que estão todos nadando numa bacia d'água.
Mas e a pergunta? "Separado é solteiro"? Claro que não!
A explicação não é simples, então vamos aguardar o primeiro relato....
Este blog não é para sonhadores! Se vc encontrou a mulher da sua vida, se vc está pensando em passar seu relacionamento para o próximo estágio, se vc está querendo tomar um jeito na vida, pare por aqui, esqueça essa url esquisita e vá navegar no site da Camicado (www.camicado.com.br) sonhando com sua futura (ou atual) vida à dois.
Este blog é para os desiludidos, os que viram o que há atrás do espelho, os que viraram estatística. Um relato da experiência novelística de ascensão e queda de uma história que de fantástica chegou a um clichê.
Ainda aqui? Então lá vai outro aviso:
Se vc está de bode, precisando encontrar alguém com a vida mais miserável que a sua, vá navegar no site do CVV (www.cvv.org.br). Não há nada de deprimente aqui, muito pelo contrário. Aqui vc vai perceber que tudo não passa de uma grande piada, e o palhaço é aquele que ainda não percebeu que é apenas mais um na avalanche de náufragos perdidos que se agarram com a esperança de que encontraram um porto seguro. E a piada? A piada é que estão todos nadando numa bacia d'água.
Mas e a pergunta? "Separado é solteiro"? Claro que não!
A explicação não é simples, então vamos aguardar o primeiro relato....
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