sexta-feira, 27 de julho de 2007

O mito do cafajeste

No blog da Tati começou uma discussão sobre o cafa, que na definição dela é "Abreviação de Cafajeste = substantivo masculino, homem de ínfima condição, pessoa sem préstimo".

Eu vou um pouco além e digo que o "cafa" é o famoso "canalha". Aquele cara que ou não dá a mínima para a namorada, paquera ou esposa, ou faz questão de parecer assim. Aquele que não deixa de espichar o olhar para a gostosa passando do lado, mesmo quando está acompanhado. Que flerta com todas as amigas suas e da namorada. Enfim, canalha na mais plena definição.

Dito isso, já jogo na roda o mito do cafajeste que todo mundo já ouviu uma vez ou outra: "Mulher gosta mesmo é de canalha"!

Não é minha intenção soar machista ou leviano. É uma mera constatação do cotidiano, da vida como ela é (Nelson Rodrigues já sabia disso!). Todo mundo já viu isso na prática, seja na própria pele (sendo o canalha ou saindo com o canalha) ou testemunhando um amigo canalha ou uma amiga saindo com o canalha. E sempre fica a pergunta: "por que ela não larga dele?"

Nenhuma mulher vai admitir que gosta de cafa. É contraproducente. Porque o que atrai a mulher na canalhice é justamente o desafio... aquela busca pelo orgulho de ter dado "um jeito" no comportamento questionável do cafa. De poder olhar no espelho e dizer "sou mesmo um mulherão, ele nunca vai querer saber de outra".

Mas, obviamente, tudo isso é completamente inconsciente, subliminar até. Dificilmente isso sobe ao consciente. Fica lá no id, escondidinho, arrebatando emoções fortes. Ódio, vaidade, tesão... toda aquela montanha russa de emoções que toda mulher adora.

Quem se ferra nessa história são justamente os "bons moços". Esses não oferecem ameaça, uma vez conquistados, estão fadados à rotina... à mesmice. Qual cara nunca quis matar a menina que vira pra ele e diz com uma vozinha fininha: "ahh... você é tão bonzinho....". Se o bom moço não colocar as asinhas pra fora uma vez ou outra, a coisa fica morna, pacata, serena. Ninguém gosta de ficar andando de carrocel.

Não é que mulheres gostem de ser tratadas mal. Muito pelo contrário!!! Toda mulher merece nada menos do que o extraordinário. O problema é justamente saber o que é extraordinário para ela.

Daí caímos (quase sem querer) em mais uma diferença entre separados e solteiros. O solteiro é bem bipolar: ou é cafa ou é bom moço. Ou vai se dar bem com a "mulherada", ou vai entrar em um relacionamento sério, casar ou namorar ou morar junto, curtir seu tempo na terra e acabar com um pé na bunda... ou ao invés disso, voltar a ser um canalha e dar um pé na bunda.

O separado já tem uma chance de ser um pouco mais híbrido. Ele sabe que pra ser um bom moço, tem que deixar uma certa ameaça no ar. Vai manipulando o ciúme e a desconfiança pra nunca deixar o marasmo tomar conta. E no fundo no fundo, vai ser um pouco cafa mesmo e flertar bastante. Afinal, ele sabe que a coisa vai acabar mais cedo ou mais tarde e é preciso manter algumas portas abertas pro futuro.

O grande truque, tanto para solteiros quanto para separados é lembrar que o jogo não é de sedução (da namorada ou das amigas da namorada). Mas sim um jogo de vaidade. Aliás a vaidade é o maior - e por que não o melhor - dos pecados. Uma boa massagem no ego de uma mulher não tem preço. E que massagem melhor do ela perceber que é a única que vai conseguir te botar "no jeito"?

7 comentários:

Mariana disse...

Estou pensando numa tréplica... Rsrsrs... Beijos!

Tatiana Vieira disse...

O bom moço não necessariamente é o bonzinho, o tedioso, o que a gente acaba enjoando... é simplesmente o cara que quer conhecer uma mulher legal e ficar com ela, que não precisa ter várias. Eu quero um bom moço e chega de joguinhos!!! Achei que na nossa idade esses jogos acabavam... mas parece que agora é a época em que eles voltam com mais força...

depois de tréplica vem o quê? rs. beijão!

Beto disse...

Tati, todas minhas recentes tentativas de ir direto ao ponto e não entrar em joguinhos deram em água.

É meio que paradoxal ver que tem tantas mulheres bonitas, interessantes e solteiras atrás de um "bom moço" e sem joguinhos. Só que o jogo tá lá! E se vc não entrar nele, parece que quebra o clima... ou melhor, vira um climão e a noite termina no 0x0.

Por outro lado, se começa com um joguinho, parece que a coisa anda. Só que daí dá uma certa impaciência de insistir no jogo e daí é a relação não vai pra frente.

Pena que não dá pra testar abordagens diferentes com a mesma pessoa pra ver se esse efeito é genérico ou se sou eu que ando dando azar... rsrsrs

Estou ansioso pela tréplica Mari!

Beijos pra vcs!

K.P. disse...

Uma coisa eu aprendi: o homem entre num relacionamento esperando que a mulher nunca mude. A mulher sempre entra num relacionamento pensando que vai conseguir mudar o homem. A mulher muda. E o homem nunca muda. Daí... água.

Uma vez aprendido (e graças a Deus tem coisas que eu aprendo e não esqueço jamais), fiquei menos paciente, menos flexível com os defeitos masculinos. Já não me contento com qualquer coisa.

Aqueles problemas que realmente me incomodam, já sei que não vou conseguir mudar. Portanto, estou fora. Se o cara é um galinha, vai continuar sendo. Tô fora. Se ele é um grosso vai continuar sendo. Tô fora. E por aí vai.

Bons moços? Falando sério, esses não existem. Existem aqueles que têm alguns defeitinhos que não incomodam tanto. E por mais bom moço que seja, a gata escaldada aqui já fica arrepiada esperando pelo pior... ;)

Beijos moço.

Beto disse...

Oi Kika... vc me lembrou da máxima que diz que vc encontrou seu verdadeiro amor quando se apaixona pelos defeitos dela (ou no seu caso, dele).

O lance do canalha não é ele ser galinha ou grosso. Na verdade, muitos canalhas são educados, cheios de lábia e "flertam" sem ganhar o status de galinha. O problema é justamente instigar insegurança no relacionamento, mas de um jeito que não ofenda a mulher e ela fique compelida a brigar por ele.

Justamente por ser muito difícil conciliar as duas coisas que o canalha cai na lista negra de suas namoradas quando falha na parte da ofensa. Já o bom moço... esse só cai no esquecimento mesmo... rsrsrs

Beijo,
de um "bom" moço tentando ter fama de canalha para parar de levar bordoada

Ilis disse...

infelizmente infelizmente, sem tréplica nem... quádréplica (???) ;), sinto-me obrigada a concordar com o beto.
muita gente, quando acha que a situação está "ganha", perde um pouco o interesse no outro.

só não acho que essa reação seja exclusiva das mulheres.

agora você responda, beto: o que os homens acham das boazinhas? e das cafas (sim, também existem as cafas)?
;)
bj

Beto disse...

Ilis, certamente existem "as" cafas. Daí as reações podem seguir dois caminhos dependento do sujeito e dependendo de quanto tempo ele levou para perceber isso.

As duas situações começam com um bloqueio. O cara vai tentar esquecer qualquer envolvimento emocional e começar joguinhos. Às vezes funciona, e às vezes não.

Os joguinhos podem ficar sérios e virar os casos passionais que escutamos a respeito de tempos em tempos. Ou podem simplesmente cansar e não virar nada.

Os dois caminhos para as "boas moças" (não confundir com "moças boas") já são outros. Ou o cara vai tratar bem, tentar alguma coisa séria, ou vai querer dar uma de cafa e daí voltamos para o começo de toda a conversa.

Mas como para toda regra há exceções... ;)