terça-feira, 24 de julho de 2007

E por que o susto?

A separação ou o pé na bunda, como prefiro chamar, é sempre uma surpresa. Lá está você, cheio de planos, vivendo o sonho do casamento, feliz da vida, achando que é pra sempre, que nada pode dar errado... e de repente você acorda e é um descasado.

Depois de algum tempo - dia, meses ou até anos -, você sai daquele estado vegetativo e volta a prestar atenção no mundo. Imagino que alguns até olham pra trás e se perguntam o que foi que deu errado. No momento acho que isso não é nada mais que um exercício de futilidade. O problema não é "o que", mas sim "quando".

Ia acontecer! Mais cedo, mais tarde, de um jeito, ou de outro. É estatístico! O IBGE já publicou que num período de 10 anos (1991 a 2001) houve um aumento de 30% das separações judiciais e 56% do número de divórcios. Estamos falando de quase 70.000 pés na bunda em 10 anos. E a tendência ainda é de crescimento. Acha mesmo que a sua retaguarda não ia (ou ainda vai) entrar nessa contagem? Tá certo que não é tanto assim, afinal são 7 pontapés a cada 10.000 habitantes, mas mesmo assim, não é tão difícil quanto ganhar na megasena, ou até fechar uma cartela de bingo.

Se você ainda tem dúvidas, vamos sair do grande território nacional e focar numa região mais próxima (de mim pelo menos). Na região Sudeste, em 2005, a relação de separações por casamentos ficou em 15%, ou seja, para cada 20 novos casais, 3 bundas eram chutadas. Já não é tão pouco assim.

Mas não há razão para desespero! É uma simples constatação de que não temos controle nenhum sobre nossa vida, quanto mais sobre a vida em casal.

Talvez a razão para o desespero venha com o grande aumento do número de casamentos em 2003. Principalmente, porque boa parte deste aumento se deve a novos casamentos envolvendo pessoas que já foram casadas antes. Insistência no erro?

Li uma citação na Veja que sempre arranca risadas em mesas de bar: "O Papa é contra o segundo casamento porque é solteiro. Se fosse casado seria contra o primeiro também!"

Embora possa parecer à primeira vista uma tendência masoquista, o segundo casamento pode até ser uma boa idéia. Se você se dispor a compartilhar sua vida novamente com uma outra pessoa, e principalmente aceitar a inexorável verdade que a união está fadada ao fim e que mais cedo ou mais tarde você vai dar ou levar uma butinada... bem, o que mais fazer senão aproveitar ao máximo cada dia como se fosse o último? Nada de planos, nada de sonhos, nada de expectativas. Viajar bastante, se divertir com ou sem os amigos, não deixar nenhuma nova amizade pra trás. Se entregar num salto suicida, pular de cabeça naquele turbilhão de sentimentos que te coloca no topo do mundo...

E se, ou quando, esse mesmo turbilhão te colocar no fundo do poço e mais uma vez você se encontrar sozinho... ei... não é surpresa pra ninguém... É pura estatística.

Um comentário:

Mariana disse...

Muuuito bom! Inspirada pelo seu texto, fiz uma atualização das estatísticas do desamor. Passa lá em casa!
Beijo