domingo, 5 de julho de 2009

Uma conversa inesperada


- Oi, como vc está?

- Opa! Td bem, e vc?

- Acho que vc não entendeu. Eu perguntei como vc está...

- Ué, não respondi que td bem?

- Sim, vc respondeu. Mas acho que não foi uma resposta pra minha pergunta.

- E o que exatamente vc quer saber?

- Quero saber como vc está, como vc realmente está se sentindo. Não foi uma pergunta de protocolo, não estou puxando conversa à toa.

- Então, nesse caso, eu não sei a resposta.

- Vc não sabe como está?

- Não, não sei... Agora que parei para pensar a respeito, não sei mesmo.

- Vc parece nervoso. Não era minha intenção te chatear. Pq a confusão?

- Não estou nervoso. Só me incomodou um pouco ter que parar pra pensar na resposta. Pra responder que estou bem, realmente bem, acho que eu devia estar me sentindo assim.

- Então vc está mal?

- Mal tb não é a palavra. Afinal, para estar mal tem que ter motivo, não?

- Imagino que sim. Mas se não tem motivo pra estar mal, pq vc não está bem?

- Acho que é pq não estou feliz.

- Vc não é felz?

- Não é isso. Acho que só não estou feliz. Uma coisa de momento, sabe?

- Não sei se entendi, me explica.

- Ora, dá pra saber se vc está feliz ou não. Basta sentir. Vc nunca se sentiu feliz.

- Já sim, algumas vezes.

- E não é todo o dia?

- Não, não é.

- Então imagina o seguinte: vc está feliz e sabe qual é a sensação, daí um dia essa sensação vai embora, por qualquer que seja o motivo, e vc não está mais feliz. Vc só pode dizer que está feliz quando a sensação volta, entendeu?

- Acho que sim. Mas se vc não está se sentindo feliz, qual foi o motivo pra sensação ter ido embora?

- Não me lembro.

- Não se lembra?

- Não me lembro... Acho que não percebi quando a sensação foi embora. Me lembro de sentí-la, lembro dos dias felizes. E lembro de dias não tão felizes. Mas não sei dizer exatamente o que foi que mudou para ela ir embora.

- Mas, e agora? Tem alguma coisa te incomodando? Uma razão pra não estar feliz?

- Acho que é o contrário. Não acho que há alguma coisa me incomodando, acho que está faltando alguma coisa para me deixar feliz.

- O quê?

- Se eu soubesse essa conversa teria terminado na sua primeira pergunta.

- É, eu acho que sim... E o que vc pretende fazer a respeito?

- Sobre o quê?

- Sobre não estar feliz.

- Hmmm... Essa é outra pergunta que eu não sei a resposta.

- Acho que vc devia tomar providências.

- E que providências vc acha que eu devia tomar?

- Ora, vc não quer ser feliz?

- Já te disse, que não é bem isso. Eu só não estou feliz.

- Tá bom, tá bom... Vc não quer estar feliz?

- Acho que a sensação vai voltar, mais cedo ou mais tarde.

- E não tem medo de que ela não volte?

- Se eu parar pra pensar nisso, acho que não faço mais nada.

- Não tá parecendo que vc está fazendo muita coisa de qualquer jeito...

- Vc tá dizendo isso pra me irritar.

- É... acho que sim.

- E pq vc quer me irritar?

- Ué? Foi vc quem começou.

- Como assim??? Vc que começou me perguntando como estou!

- Sim, mas foi vc que resolver conversar com o próprio super-ego.

(Malditas aulas de psicologia...)

sábado, 4 de abril de 2009

Damage goods


Wow! Já tem mais de um ano desde o último post... Nem dá pra acreditar que já passou tanto tempo. Na verdade o intervalo tem uma boa razão. Não dá para avaliar a vida de separado quando você está num relacionamento.

Mais cedo ou mais tarde você encontra alguém legal e começa um namoro. Mas não é tão simples quanto parece. Por alguma razão que me escapa à percepção, parece que o separado já chega com um rótulo de "damage goods".

O namoro começa super bem, romance no ar, expectativas para o futuro e tudo mais. Só que chega aquela hora em que ela começa a contar suas histórias e você começa a contar as suas... daí começa a ladeira abaixo. Qual é a melhor forma de contar histórias que envolvem a mesma pessoa pelos últimos 10 anos?

A situação piora quando você começa a ser convidado para casamentos. Antes que perceba, você está dando dicas e contando experiências da sua festa, como era o vestido da noiva, a música que tocou na entrada da igreja, e por aí vai. Some isso às histórias de suas últimas viagens de férias, os melhores bares que você já foi, e por aí vai. A coisa vai ganhando escala com o tempo, e antes que perceba, todo o namoro desaba em cima da sua cabeça.

Percebida a situação, agora é tomar um pouco mais de cuidado para que no futuro, o rótulo evolua para "second hand goods".