Nada como uma mudança de ares e velhos amigos para uma nova perspectiva da vida de separado. Estava eu um pouco apreensivo em me mudar para a capital paulista, uma apreensão boba é verdade, mas apreensivo assim mesmo. Afinal ainda estava me acostumando à vida de separado e a idéia de me ver no meio de quase 10 milhões de estranhos tentando remontar uma rede de amizades quase do zero não era exatamente tranquilizadora.
E o engraçado é que bastou uma festa de aniversário com um grupinho de amigas casadas para perceber que um mundo de possibilidades pode se abrir. Bastou uma simples pergunta:
"Beto, vc quer que eu te apresente umas amigas?"
Minha primeira reação obviamente foi defensiva: "Tá me tirando?".
"Claro que não... é que eu tenho uma amiga que é uma gracinha. Acho que vc vai gostar dela".
O que me pareceu estranho nessa história toda é que elas nunca tiveram tanto interesse em apresentar essas amigas para seus amigos solteiros.
"Gata?"
"O Bicuto é apaixonado nela."
"E porque eles não ficam juntos?"
"Ah, ele não serve pra ela. Ele é muito enrolado."
"E eu não sou?"
"Vc sabe o que eu quero dizer. Ela precisa conhecer alguém sério."
"Eu sério?!? Esqueceu que eu tô tentando fazer fama de cafa?"
"Ah... pára com isso. Vc é um doce. A Bruninha vai te adorar."
"Vcs tão armando pra cima de mim. O Matite já conheceu ela?"
"Ah, o Matite só quer curtir. Essa é pra casar!"
"E se eu quiser só curtir também?"
"Larga de ser bobo Beto. Vc é um rapaz direito."
Hmm... quer dizer então que se o solteiro é curtição, o separado é partidão?
segunda-feira, 27 de agosto de 2007
quinta-feira, 9 de agosto de 2007
Sou separado sim! Você não?
Ele chegou quase uma hora atrasado. Culpa do trabalho, tudo acumulou pro final do dia como de costume e quase desistiu de sair pro happy hour, mas a vontade de sentar numa mesa com os amigos falou mais alto e ele foi atrasado mesmo.
Na mesa encontrou o pessoal de costume. Mas teve a agradável surpresa de conhecer três jovens mulheres convidadas por um dos seus colegas de copo. Como chegou atrasado, não escapou de se tornar o centro das atenções da mesa, e por centro das atenções entenda-se alvo de piadas e chacotas.
Após se acomodar na ponta da mesa, tentando disfarçar que sentou propositadamente entre as três novas personalidades à mesa, começou com as perguntas e respostas padrão para puxar conversa. Então de onde vocês conhecem o Fulano? O que fazem da vida? Onde trabalham? Moram por aqui? Etc...
E como sempre, alguém da mesa faz algum comentário que puxa o assunto de namoro, relacionamento, fidelidade e casamento. E como sempre, ele não se conteve e fez a tradicional observação sobre como todo o casamento é fadado a terminar com um pé na bunda.
O pessoal de sempre já esperava por isso, mas as moças estranharam. "Você é casado?", perguntam. "Não mais, sou separado" é a resposta.
Curiosamente, o foco da conversa do resto da mesa diverge para outro tema, mas as três param e olham e silêncio para ele. Um pouco difícil interpretar o que se passou na cabeça de cada uma delas... Uma parecia ter um pouco de pena. A outra um olhar de desconfiança, uma descrença na sinceridade da afirmação. A terceira apenas um olhar de curiosidade, como se nunca tivesse conhecido um separado antes.
Mas talvez não tenha sido nada disso. Talvez tenha sido só o fato dele ter dito que é um separado... Por um momento ele pensou que o "até que a morte os separe" valia mesmo para o stigma do estado civil.
Quando um solteiro solta na mesa que terminou um namoro, não é nada de mais. Até desperta o interesse de jovens solteiras que descobrem mais um um espécime de volta ao mercado. Mas quando um separado assume seu status, o efeito é bem diferente. Um misto de curiosidade e estranheza. O interesse não é na volta dele para o mercado, o interesse é mesmo saber como e porque aconteceu. Afinal um casamento não deveria terminar, e se terminou, não seria uma declaração de fracasso? Algo depreciativo que não deveria ser assumido?
Imaginem esse episódio se repetindo algumas vezes. Só resta ao separado se omitir e desviar o assunto, como se fosse um foragido da polícia matrimonial. Ou um fugitivo político exilado no mundo dos solteiros.
Cuidado! Você pode estar conversando com um separado e ainda não sabe. Somos muitos espalhados por aí...
Na mesa encontrou o pessoal de costume. Mas teve a agradável surpresa de conhecer três jovens mulheres convidadas por um dos seus colegas de copo. Como chegou atrasado, não escapou de se tornar o centro das atenções da mesa, e por centro das atenções entenda-se alvo de piadas e chacotas.
Após se acomodar na ponta da mesa, tentando disfarçar que sentou propositadamente entre as três novas personalidades à mesa, começou com as perguntas e respostas padrão para puxar conversa. Então de onde vocês conhecem o Fulano? O que fazem da vida? Onde trabalham? Moram por aqui? Etc...
E como sempre, alguém da mesa faz algum comentário que puxa o assunto de namoro, relacionamento, fidelidade e casamento. E como sempre, ele não se conteve e fez a tradicional observação sobre como todo o casamento é fadado a terminar com um pé na bunda.
O pessoal de sempre já esperava por isso, mas as moças estranharam. "Você é casado?", perguntam. "Não mais, sou separado" é a resposta.
Curiosamente, o foco da conversa do resto da mesa diverge para outro tema, mas as três param e olham e silêncio para ele. Um pouco difícil interpretar o que se passou na cabeça de cada uma delas... Uma parecia ter um pouco de pena. A outra um olhar de desconfiança, uma descrença na sinceridade da afirmação. A terceira apenas um olhar de curiosidade, como se nunca tivesse conhecido um separado antes.
Mas talvez não tenha sido nada disso. Talvez tenha sido só o fato dele ter dito que é um separado... Por um momento ele pensou que o "até que a morte os separe" valia mesmo para o stigma do estado civil.
Quando um solteiro solta na mesa que terminou um namoro, não é nada de mais. Até desperta o interesse de jovens solteiras que descobrem mais um um espécime de volta ao mercado. Mas quando um separado assume seu status, o efeito é bem diferente. Um misto de curiosidade e estranheza. O interesse não é na volta dele para o mercado, o interesse é mesmo saber como e porque aconteceu. Afinal um casamento não deveria terminar, e se terminou, não seria uma declaração de fracasso? Algo depreciativo que não deveria ser assumido?
Imaginem esse episódio se repetindo algumas vezes. Só resta ao separado se omitir e desviar o assunto, como se fosse um foragido da polícia matrimonial. Ou um fugitivo político exilado no mundo dos solteiros.
Cuidado! Você pode estar conversando com um separado e ainda não sabe. Somos muitos espalhados por aí...
domingo, 5 de agosto de 2007
A Incrível Descoincidência
Algumas coisas são extremamente mais simples para um solteiro do que para um separado. Alguém pode pensar que encontrar uma pessoa seria simples pra qualquer um, mas pode ser mais complicado do que parece.
A maior preocupação de um solteiro é o imediatismo, a balada do final de semana, a próxima festinha, a micareta, a rave, e por aí vai. É lá que ele vai encontrar outras tantas solteiras com a mesma preocupação: com quem eu vou ficar hoje... ou quem sabe, com quantas vou ficar hoje. De fato muito simples.
Um separado pode ir pra balada com esses objetivos também, afinal antes ir para uma pegação do que ficar sozinho curtindo uma fossa. Mas essa nunca vai ser a idéia que o separado vai levar com ele. Mesmo no meio da curtição, quando estiver xavecando, ou mesmo depois de alguns beijos, aquele insistente pensamento vai passar por sua cabeça: "será que ia dar certo?"
Daí o que era super simples, começa a ficar um pouco mais complicado. O momento da curtição passa, e o separado começa a se questionar qual o ponto em insistir em baladas e xavecos se no fim o que ele procura é um pouco mais do que a vida simples de solteiro.
Então o que é que o separado procura? Simples: recomeçar. Só que infelizmente é muito mais simples dizer do que fazer. Na verdade, recomeçar pode ser bastante complicado. Todo mundo sabe que encontrar sua "cara metade" não é tão fácil. Imagina então encontrar uma cara metade agora que você é uma pessoa com mais instrução, mais cultura, mais exigências, mais manias, e muito, muito mais neuras.
Onde um separado deveria procurar seu recomeço? Velhas amigas? Antigas namoradas? Quem sabe as amigas solteiras de seus amigos ainda casados? Onde encontrar mulheres maduras, independentes, bonitas e interessantes? Mas peraí! Essas perguntas valem para elas também! Afinal não tem só separados por aí.
Daí notamos uma incrível descoincidência. Se temos tantos separados e separadas buscando as mesmas coisas por aí, por que é tão difícil um se encontrar com o outro? Seria o separado dependente de um grande acaso para recomeçar? Ou é vítima de um acaso maior ainda que aparentemente o impede de encontrar a tal da cara metade?
Complicado o suficente?
A maior preocupação de um solteiro é o imediatismo, a balada do final de semana, a próxima festinha, a micareta, a rave, e por aí vai. É lá que ele vai encontrar outras tantas solteiras com a mesma preocupação: com quem eu vou ficar hoje... ou quem sabe, com quantas vou ficar hoje. De fato muito simples.
Um separado pode ir pra balada com esses objetivos também, afinal antes ir para uma pegação do que ficar sozinho curtindo uma fossa. Mas essa nunca vai ser a idéia que o separado vai levar com ele. Mesmo no meio da curtição, quando estiver xavecando, ou mesmo depois de alguns beijos, aquele insistente pensamento vai passar por sua cabeça: "será que ia dar certo?"
Daí o que era super simples, começa a ficar um pouco mais complicado. O momento da curtição passa, e o separado começa a se questionar qual o ponto em insistir em baladas e xavecos se no fim o que ele procura é um pouco mais do que a vida simples de solteiro.
Então o que é que o separado procura? Simples: recomeçar. Só que infelizmente é muito mais simples dizer do que fazer. Na verdade, recomeçar pode ser bastante complicado. Todo mundo sabe que encontrar sua "cara metade" não é tão fácil. Imagina então encontrar uma cara metade agora que você é uma pessoa com mais instrução, mais cultura, mais exigências, mais manias, e muito, muito mais neuras.
Onde um separado deveria procurar seu recomeço? Velhas amigas? Antigas namoradas? Quem sabe as amigas solteiras de seus amigos ainda casados? Onde encontrar mulheres maduras, independentes, bonitas e interessantes? Mas peraí! Essas perguntas valem para elas também! Afinal não tem só separados por aí.
Daí notamos uma incrível descoincidência. Se temos tantos separados e separadas buscando as mesmas coisas por aí, por que é tão difícil um se encontrar com o outro? Seria o separado dependente de um grande acaso para recomeçar? Ou é vítima de um acaso maior ainda que aparentemente o impede de encontrar a tal da cara metade?
Complicado o suficente?
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